São grandes as expectativas quanto ao próximo domingo (7). O Dia da Independência do Brasil deste ano será marcado por uma peculiaridade. Tanto a direita quanto a esquerda planejam investir à fundo nas manifestações, até o momento de caráter pacífico, no dia 7. É de se observar que a esquerda tem se esforçado para garantir espaços que antes eram dominados pela oposição como, por exemplo, o próprio Dia da Independência do País e, no âmbito digital, cabe ressaltar que Lula lidera o ranking de presidenciáveis nas redes sociais. O analista político Pedro Célio reforça o fato de os dois lados terem grande interesse em ocupar as ruas no domingo.
“Está havendo uma coincidência envolvendo as comemorações da independência. Os atos coincidem com o julgamento do principal núcleo da trama golpista, que inclui o ex-presidente Bolsonaro e, também, a movimentação dos apoiadores do Bolsonaro para reverter, por meio da pauta de anistia, os efeitos da possível condenação, que já é dada como certa.” Para o professor aposentado, “esses elementos é que têm criado os fatos políticos dos últimos dias e, na coincidência com a data, a proximidade do 7 de setembro, é natural que, pela polarização, os dois lados vão investir nas manifestações de comemoração do dia da pátria”.
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Expectativa quanto ao Supremo
Já o marqueteiro político Leo Pereira diz que os atos previstos para ocorrer são uma forma de pressão da direita para conseguir aprovação da anistia e da esquerda para combater essa pauta. Pereira também ressalta sua expectativa quanto ao Supremo Tribunal Federal (STF). “Eu espero que o STF cumpra o seu papel de condenar veementemente Jair Bolsonaro, que é um personagem de trajetória criminosa desde a ditadura de 1964. É preciso que o Supremo condene esse cidadão e todos os envolvidos nesse processo… Eu espero que as instituições hajam. Sobre a manifestação do dia 7 de setembro, é mais uma pressão. Para além da pressão do dia 7 de setembro, eu espero que as instituições e a sociedade brasileira entendam que a gente precisa dar um passo à frente em tudo isso.”
Pedro Célio diz acreditar que a conjuntura política atual favorece o movimento de esquerda. “Desta vez o governo, a ala ligada ao presidente Lula, sai um pouco em vantagem. O presidente detém um componente que ele não tinha antes que é a defesa do nacionalismo a partir do tarifaço do Trump, a partir das tentativas de ingerência na política das instituições internas do Brasil. O governo e o presidente Lula reforçaram a defesa da soberania nacional e, com isso, eles diminuíram o peso que o elemento do nacionalismo ou do patriotismo sempre teve com a extrema direita.”
Previsão para o dia 7
A bandeira do nacionalismo passou a ser adotada por integrantes do governo federal nas últimas semanas, após ofensiva do governo Donald Trump contra o País com a imposição da sobretaxa de 50% a produtos brasileiros e sanções a autoridades brasileiras. O presidente deve, em pronunciamento referente ao dia 7, defender o PIX, que virou alvo de ataques da gestão Trump. Além disso, é previsto que o chefe de Estado fale sobre o projeto que dá isenção ao pagamento de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, considerada uma das principais propostas do Executivo no Congresso Nacional.
No que diz respeito à defesa da anistia pela oposição, Pereira diz que os atos do 8 de janeiro derivam de uma cultura advinda do golpe militar de 1964. “Os atos do dia 8 de janeiro são consequências, também, de uma ditadura militar que não foi devidamente condenada pela sociedade brasileira e nem pelas suas instituições e que está gerando esse impasse e essa inércia no movimento social do Brasil.”
Pedro Célio finaliza ao dizer suas expectativas para o Dia da Independência. “Eu espero mobilizações de ambos os lados. Vamos torcer para que não haja atritos violentos e que tudo siga dentro da normalidade, ou seja, que cada lado se manifeste e leve as suas bandeiras. É isso que eu espero”. (Especial para O HOJE)
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