Bruno Goulart
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alcançou, em outubro, o melhor desempenho de seu terceiro mandato. De acordo com a pesquisa Latam Pulse, do instituto AtlasIntel em parceria com a Bloomberg, 51,2% dos brasileiros aprovam o trabalho do petista, contra 48,3% que o reprovam. É o maior índice de aprovação desde janeiro de 2024 e o terceiro mês consecutivo em que a avaliação positiva supera a negativa.
O levantamento, feito entre os dias 15 e 19 de outubro, mostra também que a imagem pessoal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a ser majoritariamente positiva — 50% dos entrevistados afirmaram ver o presidente de forma favorável, contra 49% que têm visão negativa. Na avaliação de governo, o quadro é semelhante: 48% consideram o desempenho “ótimo” ou “bom”, que superam os 47,2% que classificam o governo do petista como “ruim” ou “péssimo”.
A pesquisa AtlasIntel mostra que Lula conseguiu melhorar sua avaliação em todas as regiões do País, inclusive no Sul e no Sudeste, onde tradicionalmente enfrenta maior resistência, com exceção do Centro-Oeste.
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Para o estrategista político Marcos Marinho, ouvido pelo O HOJE, essa virada é resultado de um processo de reconstrução de imagem que envolveu ajustes na comunicação e, sobretudo, erros estratégicos da oposição. “Como o governo não tinha uma linha clara de comunicação, foi deteriorando a imagem do governo e, consequentemente, a imagem do Lula”, completa.
Marinho afirma ainda que o ponto de virada veio quando o governo percebeu a necessidade de reposicionar sua narrativa pública. O consultor em marketing político cita a entrada de Sidônio Palmeira na equipe de comunicação como fator decisivo. “Trouxeram o Sidônio, que melhorou muito a comunicação institucional. Mas, além disso, jogaram na mão do Lula a possibilidade de retomar alguns simbolismos que são muito importantes para o povo brasileiro: a ideia da soberania, da defesa da pátria, do patriotismo.”
Erro da direita favoreceu Lula
“Quando ele e os bolsonaristas radicais começam a incentivar que Trump prejudique o Brasil, isso coloca no colo do Lula uma possibilidade maravilhosa de mostrar que não”, explica. Foto: Ricardo Stuckert/PR
Segundo o estrategista, o governo soube aproveitar o embate criado após as declarações de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos. “Quando ele e os bolsonaristas radicais começam a incentivar que Trump prejudique o Brasil, isso coloca no colo do Lula uma possibilidade maravilhosa de mostrar que não”, explica. Nesse momento, o presidente passou a representar, novamente, a defesa do Brasil diante de ataques externos e internos. “Mesmo o bolsonarista mais radical terá que lembrar que, em algum momento, ele melhorou de vida durante os governos do Lula”, afirma.
Para Marinho, o petista recuperou parte do carisma e do simbolismo que o elegeram pela primeira vez. “Lula sempre se manteve firme em relação ao Brasil, à política, aos direitos e tudo mais. O que não aconteceu com os bolsonaristas”, compara. O estrategista político lembra que, enquanto o presidente manteve coerência, “Bolsonaro perde a eleição, vira esse quebra-cabeça todo, tem 8 de janeiro, aquela bagunça”. “E aí Eduardo Bolsonaro vai para os Estados Unidos para prejudicar o Brasil”, lembra.
Promessa do caos não se cumpriu
Na avaliação do analista, o governo reagiu bem à tentativa de sabotagem. “O caos que foi alardeado pelo grupo mais radical não se cumpriu. Essa é a parte chave: não se cumpriu.” Segundo Marinho, o governo buscou novos mercados, manteve a balança comercial positiva e o País não mergulhou na crise que a oposição previa. “O que não foi exportado para os Estados Unidos sobrou aqui dentro e barateou alguns preços. O povo sentiu isso no bolso”, pontua.
Esse movimento, na visão de Marinho, alterou o humor social. A população, diz o consultor em marketing político, passou a enxergar Lula como alguém que, mesmo com críticas, defendia o País. “As pessoas pensaram: ‘Posso até não gostar dele, mas há uma possibilidade de ele estar lutando por nós’. Isso melhora o julgamento do governo”, resume.
Marinho conclui que “o presente caiu no colo do Lula”. A tentativa da oposição de enfraquecer o governo acabou por produzir o efeito contrário, pontua o estrategista político. (Especial para O HOJE)










