Governadores de centro e direita têm aproveitado a Operação Contenção, realizada no Rio de Janeiro na última terça-feira (28), para alavancar seus discursos em torno da segurança pública. As falas de políticos em apoio ao governador do Rio, Cláudio Castro (PL), ao demonstrarem interesse em enviar forças policiais para o Estado do Sudeste podem colaborar na construção da imagem eleitoral.
Porém, é relevante considerar qual é o limite do aproveitamento da ação policial para fins políticos, pois há o risco da operação ser diretamente associada a interesses eleitoreiros e prejudicar os governadores que se posicionam a favor de Castro. A reunião desta quinta-feira (30) entre chefes de Executivos da direita e o governador do Rio reacendeu o debate sobre o isolamento da extrema direita no País, ao levar em conta as incertezas quanto à participação de Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), um dos nomes mais cotados para receber apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) caso o governador paulista decida disputar a Presidência da República em 2026.
No dia da reunião, Tarcísio confirmou presença, mas de forma virtual. Ronaldo Caiado (GO), Jorginho Mello (PL-SC), Romeu Zema (Novo-MG), Ratinho Jr. (PSD-PR), Eduardo Leite (PSD-RS), Mauro Mendes (UB-MT), Eduardo Riedel (PP-MS) e a vice-governadora Celina Leão (PP-DF) decidiram ir ao Rio para discutir com Castro a troca de recursos na área de segurança.
Lideranças estaduais lançaram ontem (30) “Consórcio da Paz”, que propõe integrar forças policiais no combate ao crime organizado – (Créditos: Walter Folador)
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De acordo com o governador de Goiás, “a ação do Comando Vermelho ultrapassa as fronteiras do Rio e impacta a segurança pública em todo o país. Esse é um problema nacional”. Caiado foi ao Rio de Janeiro para oferecer apoio às forças de segurança em operações policiais e afirmar que não faltará ajuda a Cláudio Castro. “Vivemos um estado de guerra, com a dominação do narcotráfico sobre parte do território nacional e a conivência do governo federal. Cláudio Castro terá o que precisar. Estamos prontos para apoiar os policiais que enfrentam na linha de frente esses criminosos.”
Ao reclamar de abandono e falta de apoio para o enfrentamento da criminalidade em seu Estado, Castro diz que suas forças de segurança deveriam ter recebido ajuda do governo federal. “Uma guerra dessa, que nada tem a ver com a segurança urbana, nós deveríamos ter tido um apoio muito maior, talvez até das Forças Armadas, porque essa é uma luta que já extrapolou toda a ideia de segurança pública, tudo aquilo que está na Constituição Federal.”
Castro na mira da Comissão de Direitos Humanos
A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara (CDHMIR) pediu à Procuradoria-Geral da República (PGR) a abertura de investigação criminal e prisão preventiva de Castro em decorrência das mortes causadas pela operação. O ofício assinado pelo deputado federal Reimont (PT-RJ) e outros oito parlamentares aponta que há fortes indícios de execuções e graves violações de direitos humanos durante a ação policial. 
Por outro lado, Caiado demonstrou apoio a Castro e reforçou que o avanço do narcotráfico precisa ser enfrentado de forma conjunta pelos Estados. Assim como o governador goiano, Zema e Tarcísio se reuniram com Castro e manifestaram indignação pela falta de apoio do governo Lula (PT) à operação policial.
“O que está acontecendo no Rio é um absurdo. Mais uma vez, as forças policiais de um Estado têm de enfrentar sozinhas essas facções terroristas”, declarou Zema. O governador de São Paulo pontuou o que seria necessário para combater o crime organizado, de acordo com a visão de Tarcísio. “O enfrentamento exige presença, integração, inteligência e coragem. O Estado precisa retomar seu papel e devolver às pessoas o direito de viver com segurança e dignidade”, comentou. (Especial para O HOJE)










