A articulação política em torno das eleições presidenciais de 2026 ganhou um novo contorno com as conversas sobre uma possível chapa encabeçada pelo governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), de vice. O novo arranjo busca combinar dois colégios eleitorais estrategicamente importantes na corrida presidencial.
Ratinho desponta como um dos nomes mais competitivos entre os governadores de oposição ao atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O chefe do Executivo paranaense constantemente aparece bem colocado nas pesquisas eleitorais, e figura atrás apenas do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), visto como o candidato ideal do Centrão e do mercado financeiro
Minas Gerais, onde Zema governa, é o segundo maior colégio eleitoral do país, com mais de 16 milhões de eleitores. O eleitorado do Estado é um ativo desejado por qualquer coalizão política que busca ser competitiva na disputa pelo Palácio do Planalto. A lógica de incluir Zema na composição seria justamente somar dois estados com peso eleitoral na votação – o Paraná possui 8,4 milhões de eleitores.
Para o PSD, ter um nome competitivo com base eleitoral robusta fortalece a legenda, sobretudo em um contexto em que a direita fragmentada ainda não se reuniu em torno de um projeto político. É um avanço para o partido que já possui peso nas negociações. Presidente da sigla, Gilberto Kassab ainda não bateu o martelo em prol da construção de uma candidatura própria do PSD. Porém, o mandatário também deixa claro que se houver candidato pessedista à Presidência da República será Ratinho.
Leia mais: Daniel consolida imagem de sucessor de Caiado e atua como articulador do governo
Esse rearranjo acontece em paralelo à disputa por espaço no campo conservador, que ainda conta com o governador Ronaldo Caiado (União Brasil). Apesar de governar um estado com colégio eleitoral menor, com cerca de 5,1 milhões de eleitores, Caiado aposta que pode furar a bolha e se viabilizar politicamente. O governador aparece, na maioria das pesquisas eleitorais, à frente de Zema, que governa um Estado com quase três vezes o número de eleitores que Goiás. A principal diferença entre os dois gestores está na avaliação de seus governos.
Com o vácuo de poder deixado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o cenário de fragmentação na direita era esperado pelos partidos da centro-direita e do Centrão. Agora, o entendimento é que o eleitor irá decidir o projeto mais bem sucedido, assim, quem chegar ao segundo turno contra Lula, terá o apoio dos demais.
Ratinho candidato é estratégico para o PSD
Para o PSD, mesmo que seu candidato não chegue ao segundo turno, a estratégia é ter robustez para negociar quando a disputa eleitoral afunilar entre Lula e o nome da direita. Uma aliança com Zema acarreta em um atrativo maior em negociações políticas em um possível segundo turno.
O cenário para uma candidatura de Ratinho ganha força com a entrada do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) na disputa. Anunciado como pré-candidato com apoio de seu pai, Flávio já angariou o apoio de Tarcísio, que disse, na última semana, “ter uma lealdade inegociável” ao ex-chefe do Executivo. Kassab é um dos entusiastas da candidatura de Tarcísio ao Planalto, que parece ser a única barreira para uma candidatura do PSD com Ratinho.








