A cúpula do Palácio do Planalto acendeu o alerta para a possível aliança entre partidos do Centrão em torno de uma candidatura de direita a presidência da República, possivelmente na figura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
A preocupação dos aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não é de hoje, já que os partidos de centro veem a candidatura de Tarcísio com bons olhos há tempos. Porém, tal possibilidade voltou a se intensificar desde a ruptura da federação União Progressista, União Brasil e PP, com o governo federal. Os partidos abriram mão dos ministérios na Esplanada, sinalizando uma ruptura com a gestão petista.
Além disso, as recentes articulações de Tarcísio em torno da anistia e o discurso de tom nacional, desde a sua visita ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) antes do início do julgamento, significou para os governistas que o Centrão e a oposição estão na mesma sintonia.
A articulação entre Centrão e Tarcísio representa mais que uma disputa eleitoral. A conjuntura pode se transformar em um obstáculo ao andamento da agenda governista no Congresso Nacional, na reta final do mandato do petista. A principal preocupação do Planalto é justamente a paralisia de projetos prioritários — em especial a proposta de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil.
A oposição, com o Centrão ao seu lado, poderia engavetar pautas populares, paralisando o diálogo com bancadas governistas e restringindo a aprovação de projetos. A saída de ministérios dessas legendas, exigida sob pena de expulsão caso não o fizessem até 30 de setembro, reduz a base oficial de apoio no Legislativo.
Um sinal do enfraquecimento já foi percebido no Senado, quando partidos como PP e União Brasil votaram contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que criava novas regras para precatórios, operação fundamental para o equilíbrio fiscal permitindo gastos suplementares. O governo obteve a aprovação, mas com apenas os votos mínimos exigidos – um presságio do que podem ser os próximos embates.
A articulação pela anistia aos condenados no episódio de 8 de janeiro também surge como um bloqueio à agenda do Executivo. Caso pautada, a proposta, além de ideologicamente controversa ao governo, deve desacelerar qualquer outra medida, considerando o desgaste político.
Diante desse cenário, o governo aposta numa estratégia de comunicação de expor o contraste entre medidas populares, como a isenção do IR para quem recebe até R$ 5 mil, e o projeto da anistia. A narrativa construída é simples e clara: partidos que deveriam representar responsabilidade fiscal e institucional estariam, ao contrário, priorizando a impunidade por interesses políticos, em detrimento da população.
A estratégia busca reforçar que a base que abandona o governo demonstra preferência por agendas pessoais em vez de políticas públicas e que esse alinhamento com projetos como a anistia serve para desgastar Lula em um momento crítico, minando qualquer vantagem eleitoral obtida por medidas sociais.
Enquanto isso, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), enfrenta pressão para incluir ou priorizar a tramitação dos projetos. Lula e sua articulação institucional tentam convencê-lo de que é prioritária uma matéria de impacto direto no bolso do cidadão, antes de qualquer debate sobre anistia ou outras pautas do bolsonarismo. Já a oposição alerta que a anistia traria pacificação para o país e relembra que o apoio a Motta na disputa pela presidência da Casa Baixa, no início do ano, estava condicionada à pauta da anistia.
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