Desde o retorno das atividades parlamentares na Câmara Municipal, o plenário da Casa respira apenas um assunto: a Comissão Especial de Inquérito (CEI) que busca investigar o contrato do consórcio Limpa Gyn com a Prefeitura de Goiânia. Entre as negociações entre a base e o Paço, a CEI foi tema central da sessão da última terça-feira (19).
Em conversa com a imprensa, o presidente da Câmara, Romário Policarpo (PRD), explicou que a CEI terá início após os vereadores signatários sinalizarem positivamente. O parlamentar disse que os parlamentares pediram um prazo até quinta-feira (19) em razão da escolha dos indicados pelos partidos para a composição da CEI.
Policarpo também afirmou que, com o prazo solicitado pelos assinantes, não há previsão para início da CEI na próxima semana. O presidente da Casa declarou que a publicação do requerimento no Diário Oficial do Município (DOM) deve acontecer na quinta e, dessa forma, não haverá tempo hábil para que a primeira reunião aconteça já na próxima semana.
Sobre o clima para a instalação da comissão, Policarpo disse que “a partir do momento em que você protocola com o número de assinaturas necessárias, há clima”. Porém, ressaltou que não é membro ativo nas tratativas da CEI por não ser signatário do requerimento.
“Não acho que seja instrumento de chantagem. A Câmara tem seu papel de fiscalização e de investigação daquilo que ela entende que está equivocado”, disse o presidente da Câmara. O parlamentar ressaltou que é contrário à CEI por entender que existem outros mecanismos de fiscalização mais eficientes. “Se existe chantagem ou outro tipo de conversa que não seja a resolução do problema apresentado, eu particularmente desconheço e não quero participar”, finalizou Policarpo.
“Eu não quero cargo”
Signatário da CEI, o vereador Coronel Urzêda (PL) enfatizou que “não está negociando cargo nenhum”. “Não entrei na política para ser chamado de vagabundo. Isso para mim não serve. Eu não quero cargo, quero que o serviço de varrição e de coleta de lixo melhore”, disparou Urzêda.
O parlamentar também tratou da possibilidade de postergar o início da CEI. “É um instrumento. O nosso objetivo é para que melhore o serviço, se em 60 dias a Limpa Gyn se adequar, a CEI cai”, explicou o vereador.
Em meio aos rumores de que a CEI é o instrumento político utilizado pelos vereadores para pressionar o prefeito Sandro Mabel (União Brasil) por cargos, a possibilidade de adiar o início da CEI daria a oportunidade de novas rodadas de negociação entre Mabel — que desarticula a comissão, que pode investigar os aditivos da atual gestão no contrato com o consórcio — e os vereadores.
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Oposição na CEI
A vereadora Aava Santiago (PSDB) ressaltou que, caso a CEI seja de fato instalada, o PSDB irá articular espaço na CEI. “Durante a CEI da Comurg, eu não podia indagar os investigados, nem apresentar requerimento de convocação e nem questionar o relatório pífio apresentado pela CEI da Comurg. Vou brigar por uma cadeira para fazer aquilo que o goianiense espera que a gente faça: questionar, enfrentar e não permitir que mais dinheiro da população seja usado de maneira inadequada”, disse a parlamentar.
A tucana enfatizou sua preocupação com o Paço Municipal utilizar “toda sua ferramenta de mobilização da opinião pública para antever” que o resultado da CEI não será produtivo. “A impressão que eu tenho é que o prefeito quer colocar a opinião pública contra um processo de investigação legítimo do parlamento. Isso causa bastante estranheza. Por que o prefeito está tão empenhado em desarticular uma CEI?”, questionou Aava.
Quem também se posicionou a respeito do tema foi a vereadora Kátia Maria (PT), que garantiu que o partido fará valer o direito à indicação. “Entraremos à medida que a CEI for instalada. Nós acreditamos que a cidade está suja e precisa de melhorias. Com CEI ou sem CEI, o Partido dos Trabalhadores tem uma ação efetiva no Ministério Público (MP-GO) e no TCM-GO [Tribunal de Contas dos Municípios] denunciando o serviço da Limpa Gyn”, pontuou a vereadora. (Especial para O HOJE)
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