Os acenos recentes do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a Brasília, ao intensificar o projeto político que deve colocar o chefe do Executivo paulista como representante da direita na disputa pelo Palácio do Planalto contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), caminha para findar a indefinição de quem herdará o espólio político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Desde a condenação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023, que tornou Bolsonaro inelegível, a direita vive a incerteza de quem será o substituto do ex-chefe do Executivo. O ex-presidente sempre bancou a própria candidatura e apostou, por muito tempo, que iria reverter a decisão da Justiça eleitoral. Desde lá, o nome de Tarcísio sempre apareceu entre os principais cotados, porém, como Bolsonaro ainda garantia seu nome na disputa, o governador se colocava como candidato à reeleição em São Paulo em 2026.
Porém, o julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado mudou o panorama político. O ex-presidente deu o aval para que Tarcísio assumisse os discursos nacionais e pediu para que o governador defendesse as pautas do bolsonarismo com veemência. A conversa que sacramentou o acordo aconteceu durante a visita do governador a Bolsonaro, na última semana, conforme apuração do O Globo.
Com o aval de Bolsonaro para o aliado dar andamento ao projeto que visa o Planalto em 2026, Tarcísio tem marcado presença na capital federal desde o início da semana. O governador tem buscado articular — inclusive com seu correligionário, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) — o avanço do projeto de lei que prevê anistia aos condenados pelos atos antidemocráticos do 8 de janeiro e ao ex-presidente.
A atuação do governador em Brasília visa o apoio integral do bolsonarismo. Tarcísio já é o nome preferido do Centrão e da Faria Lima para a disputa de 2026, resta ao chefe do Executivo paulista agradar todas as alas do eleitorado do ex-presidente para consolidar seu nome na disputa, já que o governador enfrenta resistência entre os apoiadores mais radicais.
Para Bolsonaro, apoiar Tarcísio é a última cartada na esperança de se ver livre dos imbróglios com a Justiça brasileira. O governador de São Paulo já prometeu o imprescindível para Bolsonaro apoiá-lo: o perdão caso seja eleito. A leitura de bastidor era de que o ex-presidente estava receoso em sacramentar o apoio ao governador com o temor de que um mandato de Tarcísio poderia minar o bolsonarismo. Entretanto, às vésperas de uma condenação, o ex-mandatário da República não se vê com muitas opções.
Ida para o PL?
Como Tarcísio vestiu o figurino de candidato à presidência, cresce o entendimento de que sua ida para o PL é inevitável. Na última quarta-feira (3), o presidente da legenda que abriga o bolsonarismo, Valdemar Costa Neto, afirmou em entrevista à GloboNews que a ida de Tarcísio para o PL acontecerá caso Bolsonaro apoie a sua candidatura ao Planalto — cenário cada vez mais provável.
Além disso, o governador não teria comunicado a cúpula do Republicanos da ida para Brasília, segundo a CNN Brasil. O descompasso entre as partes compactua com os rumores de que Tarcísio, caso dispute a presidência no próximo ano, irá se filiar ao PL. (Especial para O HOJE)
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