O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) foi o primeiro entre os presidenciáveis a oficializar seu desejo de disputar a Presidência da República. Em abril, o chefe do Executivo estadual lançou sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto em Salvador. De lá para cá, Caiado tem intensificado sua agenda ao redor do Brasil para buscar visibilidade nacional, além de conversar com veículos da imprensa nacional com frequência. Os resultados, porém, ainda são tímidos.
A rodada da pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta semana, explorou o cenário de quem deveria ser o representante de direita em 2026, com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fora do pareo. Neste panorama, aparecem, em sequência, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 15%; a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, com 13%; o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), com 9%; o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), ambos com 8%; e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), com 4%.
Caiado aparece com 3%, ao lado do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo). Mesmo em ritmo eleitoral, na busca por viabilizar seu nome até a convenção partidária da federação União Progressista (União Brasil e PP), o governador ainda não conseguiu se colocar no grupo dos principais cotados.
Para o cientista político Jones Matos, existe um congestionamento no campo da direita devido à indefinição de quem será o nome escolhido por Bolsonaro. “Houve uma pulverização de candidatos no campo da direita. Zema, Ratinho, Tarcísio e o próprio Caiado, que tenta agradar o ex-presidente sendo favorável, inclusive, a taxação do governo Trump ao Brasil. Todos eles querem ser o nome do Bolsonaro em 2026”, destaca o especialista.
Matos entende que os problemas relacionados à visibilidade do governador estão relacionados à “importância política de Goiás no cenário nacional, a baixa densidade eleitoral e, talvez a mais complexa, que é essa expectativa de entrar no eleitorado bolsonarista, algo que não aconteceu até agora e pode não acontecer no futuro”.
Na análise do cientista político, Caiado deveria resgatar sua história enquanto homem político à direita. “O caminho mais factível para ele tentar viabilizar o seu projeto era resgatar sua história no campo da direita, por já ter sido candidato à Presidência e por ter um discurso mais moderado, afastando-se do delírio da extrema direita. A tendência é que esse grupo político se deteriore, em função dos problemas de Bolsonaro com a Justiça que pode levá-lo à prisão”, opina Matos.
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Direita unificada?
O sociólogo João Coelho entende que Caiado não conseguiu unificar a direita em torno de seu projeto político. “O governador faz a busca para se tornar o nome oficial da direita, mas existem outros nomes mais reconhecidos no cenário nacional. Nesse caso, ele se coloca como representante da direita, mas não é capaz de figurar como um personagem que consegue fazer a unificação da direita nos votos que seriam descendentes da última eleição do Bolsonaro”, destaca.
Coelho explica que o fator determinante é a “adesão” dos eleitores ao projeto. “As pessoas não necessariamente respeitam um projeto individual. E, nesse caso, o governador Ronaldo Caiado instituiu esse projeto para si, para ser candidato, mas isso não significa que a sociedade está de acordo com esse projeto o qual ele apresenta”, afirma. Porém, João o sociólogo avalia que ainda é cedo para descartar o projeto e “bater o martelo” de que a candidatura não irá avançar. (Especial para O Hoje)
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