A conta é simples: quando um bandido cumpre pena em regime fechado por causa de um crime, cometeu outros 999 que ficaram impunes. Ah, tem cinco condenações por assalto! Então, praticou mais 4.995 roubos, furtos, danos etc. Se um deles vai para a cadeia (são raros), se regenera (são raríssimos) ou morre (geralmente, jovem) é um sossego. Foi a política pública que o governador Ronaldo Caiado pôs em prática em Goiás e pode levar para o País inteiro se for eleito presidente.
Faz tudo para a meninada estudar, da Educação nº 1 do Ideb a presentes e dinheiro para quem vai à aula. Faz tudo para quem quer empreender, de financiamento a cursos e economia crescente. Mas se com tudo isso o sujeito optar pelo crime, a Polícia vai oferecer as alternativas que Caiado lançou desde a campanha: descer da moto com as mãos para cima, encostar no muro de mãos e braços erguidos. Com isso, poupa vidas dos marginais e das pessoas honestas que eles matariam.
Se fosse presidente da República, Caiado já disse que mudaria para a Rocinha, a mais famosa favela carioca, na implementação do combate à violência. Com a omissão de chefes de Executivos estaduais e federal, quadrilhas de traficantes se tornaram máfias. Além do morro, seria necessário se atentar aos bancos, como os 40 que a Polícia Federal vasculhou na Faria Lima, a via de São Paulo que concentra fintechs e outras centrais de agiotagens. Seguir o dinheiro, apreendê-lo e deixar as organizações agonizarem. O que funciona em Goiás para ser o Estado mais seguro do Brasil também precisa ser experimentado, com as devidas adaptações, no Rio, em São Paulo, na Grande Manaus e nas principais Regiões Metropolitanas do Nordeste, Salvador, Fortaleza e Recife.
ADPF de Fachin
O atual presidente considera perigoso mesmo é o usuário de drogas, não quem a transporta da Bolívia, do Peru ou da Colômbia para cá e inunda as ruas do Brasil com crack, pó e erva. Essa condescendência com os traficantes diz muito sobre o que ocorreu nesta terça-feira (28) e há a se discutir acerca da morte de policiais e bandidos no Rio de Janeiro. Mas documento a ser debatido é um só, a decisão do Supremo Tribunal proibindo operações de segurança pública em favelas cariocas. Em 5 de maio de 2020, o ministro Edson Fachin, que atualmente preside o STF, na arguição de descumprimento de preceito fundamental 635 falou em “durante a epidemia de Covid”. A epidemia virou pandemia, acabou há dois anos e a ADPF continua valendo.
Fachin abriu uma exceção: “Nos casos extraordinários de realização dessas operações durante a pandemia, sejam adotados cuidados excepcionais, devidamente identificados por escrito pela autoridade competente, para não colocar em risco ainda maior população, a prestação de serviços públicos sanitários e o desempenho de atividades de ajuda humanitária”. E também permanece em vigor.
Trump e Maduro estão de olhos bem abertos
A morte de bandidos tão monstruosos como os faccionados de Rio e São Paulo certamente abriu os olhos de líderes globais. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está espalhando pelas águas internacionais da América Central suas maravilhas tecnológicas, como porta-avião. Segundo ele, porque seu rival Nicolás Maduro transformou a Venezuela em porto seguro para os narcos. Não poderá dizer o mesmo de Cláudio Castro, o corajoso governador do Rio de Janeiro.
Castro recebeu a solidariedade de Ronaldo Caiado e outros colegas, como Tarcísio de Freitas, de São Paulo; Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul; Ratinho Jr., do Paraná. Contra sua atitude somente a esquerda radical, a imprensa e os inocentes úteis.
Alguém aí sabe o nome das vítimas das facções?
Em 3 de abril deste ano, o STF publicou um acórdão de 736 páginas da ADPF 635 com uma “questão central em discussão”: “Saber se há violação de preceitos fundamentais na política de segurança pública do Estado do Rio de Janeiro, por omissão estrutural do Poder Público, do qual resulta elevada letalidade policial, e, em caso positivo, quais são as determinações complementares necessárias para sua superação, inclusive com a análise do plano de redução da letalidade policial e medidas correlatas apresentadas”. Nada sobre a letalidade dos bandidos.
Enquanto isso, facções do Rio disputam territórios que tomam da sociedade inclusive porque as polícias estão proibidas de agir. A briga se intensificou neste mês nos complexos do Alemão e da Penha, onde as forças de segurança agiram na terça para acabar com a guerra entre o Comando Vermelho e seus inimigos. Os moradores têm de descer do ônibus antes das barricadas, nos limites que os bandidos determinaram. Andam 40 minutos, uma hora, até o transporte público. Essa é uma das bandeiras das polícias.
Outro objetivo era recolher armas, pois nem em zonas de conflito internacional bélico os participantes exibem tamanho poder de fogo. É um fuzil para cada integrante. A munição atravessa blindados como se fossem revestidos de papel. Não dá para combatê-los com ADPF. Aliás, um dos efeitos da 635 foi nacionalizar com rapidez as ações do CV, que fez alianças no País inteiro em troca de acoitar nas indevassáveis favelas do Rio seus comparsas dos Estados. Em Goiás, por exemplo, há algum tempo não se prende nem se mata chefe de facção, pois estão refugiados por líderes do Comando Vermelho em algum lugar de comunidades cariocas.










