O nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem ganhado força nas pesquisas eleitorais desde o final do ano passado. Mesmo inelegível, o líder da direita sempre aparece bem próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No entanto, no novo levantamento da AtlasIntel, divulgado nesta terça-feira (8), Bolsonaro conseguiu superar numericamente Lula, com 46% das intenções de voto. O petista apareceu em segundo, com 44,4%, em empate técnico com o nome do PL.
Do outro lado da corda, Lula tem enfrentado diversas crises de imagem. Além disso, os interlocutores apontam que o mandatário não conseguiu, até o momento, alavancar sua agenda no Congresso Nacional — uma vez que o líder da esquerda tenta emplacar sucessivas pautas impopulares. Com isso, o seu antagonista conquista cada vez mais espaço.
Leia mais: Caiado entra na reta final dividido em três frentes
Para explicar o fenômeno, o jornal O HOJE entrevistou o cientista político Lehninger Mota, que apontou que algumas pesquisas continuam a incluir o direitista para entender se ele ainda está bem cotado: “Tentando prever uma possível transferência de votos. […] Dei uma olhada na pesquisa, existe uma vantagem do Bolsonaro, apesar de estar inelegível”.
O cientista político explicou que Bolsonaro tem certa limitação na transferência dos votos. Segundo Mota, já houve momentos em que candidatos bolsonaristas contaram com seu apoio, mas depois se afastaram, brigaram ou deixaram de ser aliados. “Isso gera um pé atrás entre os bolsonaristas mais aguerridos: muitos políticos usam o bolsonarismo para chegar ao poder, mas não usam o poder para defender ou abraçar o movimento nem o próprio Bolsonaro”, disse Lehninger Mota.
Paralelo com Lula
O especialista observou que Bolsonaro pode até tentar repetir a estratégia de Lula, mas a situação não é a mesma. “Há um paralelo interessante com Lula. Porém, ele foi considerado inelegível apenas em 2018, durante o ano eleitoral. Já Bolsonaro está inelegível com bastante antecedência. Isso cria dificuldade para uma eventual estratégia semelhante à de Lula, que deixou Haddad como plano B, já sabendo que em algum momento ele poderia ser o candidato. Bolsonaro não tem esse timing — e isso impacta sua capacidade de preparar sucessores”, diferenciou.
Segundo Lehninger Mota, na mesma pesquisa, os candidatos que poderiam ser indicados com apoio de Bolsonaro perdem para Lula. “O grande desafio é encontrar um nome que conquiste votos do centro — esse centro que em sua maioria ficou com Lula em 2022 — e ao mesmo tempo mantenha a base bolsonarista unida e mobilizada. Aí falam sobre Tarcísio, que tem um perfil mais moderado. Mas o problema é que, para ele disputar contra Lula, teria que ter muita certeza da vitória”, disse o cientista político.
“Hoje, segundo pesquisa da Paraná Pesquisas, ele vence qualquer indicado de Lula no Estado de São Paulo — Haddad, Alckmin, Márcio França. Todos ficam bem atrás”, afirmou. “Em tese, Tarcísio teria uma reeleição tranquila como governador. Abrir mão disso para disputar a presidência e perder seria arriscado: voltaria à estaca zero, talvez tentando depois uma candidatura à prefeitura ou outro cargo. Por isso, só será candidato com muita segurança e até agora isso não se confirmou”, completou.
Dificuldade central de Bolsonaro
Para o cientista informou, Bolsonaro tem uma dificuldade central: “Encontrar um nome que una sua base fiel e que também dialogue com o eleitorado de centro”. (Especial para O Hoje)
O post Bolsonaro precisa dialogar com base fiel e eleitorado de centro apareceu primeiro em O Hoje.