Pela sétima vez desde que deixou a Presidência da República, Jair Bolsonaro (PL) reuniu apoiadores em ato político no último domingo (29) na Avenida Paulista. A manifestação, organizada pelo pastor Silas Malafaia, foi intitulada de “Justiça Já” e tratou sobre as pautas defendidas corriqueiramente pelo bolsonarismo.
A concentração aconteceu nos arredores do Museu de Arte de São Paulo (Masp). O ato reuniu cerca de 12,4 mil pessoas em São Paulo, segundo a estimativa do grupo de pesquisa “Monitor do debate político” do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), coordenado pela Universidade de São Paulo (USP) e pela ONG More in Common. O levantamento possui margem de erro de 1,5 mil pessoas, para mais ou para menos.
Além dos apoiadores, lideranças políticas ligadas ao ex-presidente compareceram ao ato. Estiveram na manifestação o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL); o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL); o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ); o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; os deputados Gustavo Gayer (PL-GO); Sóstenes Cavalcante (PL-RJ); e Luciano Zucco (PL-RS), além de outros parlamentares. Ausência sentida pelos bolsonaristas, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) não compareceu em razão de uma cerimônia de casamento.
Como de praxe nas manifestações bolsonaristas, o principal alvo foram os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Antes mesmo de subir ao palanque, Flávio Bolsonaro já criticou a atuação do ministro Alexandre de Moraes. Em entrevista, o “filho 01” do ex-chefe do Executivo afirmou que o Supremo atua em “conluio” conduzido por Moraes, que leva o Judiciário para um “buraco negro”.
Além disso, o senador Magno Malta (PL-ES) chamou a ministra Cármen Lúcia de “tirana”, em resposta à declaração da magistrada na votação do STF que estabeleceu uma nova regra para regulamentação das redes. Na ocasião, Cármen afirmou que era preciso “impedir que 213 milhões de pequenos tiranos soberanos dominem os espaços digitais no Brasil”.
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Mudança de rota
Em seu discurso, Bolsonaro sinalizou para sua estratégia política para as eleições de 2026 e acenou indiretamente para os possíveis presidenciáveis à direita. O ex-presidente pediu apoio para eleger metade do Congresso Nacional, que assim mudaria o Brasil. “Me deem 50% da Câmara e 50% do Senado que eu mudo o destino do Brasil. Nem preciso ser presidente. O Valdemar [Costa Neto] me mantendo como presidente de honra do Partido Liberal, nós faremos isso por vocês”, disse Bolsonaro.
A declaração de Bolsonaro representa uma mudança de direção do ex-presidente. Antes, o nome de mais prestígio do PL insistia, mesmo inelegível, em manter-se como o candidato para 2026. Agora, o ex-chefe do Executivo sinaliza que “nem precisa” ser o representante da direita e intensifica o discurso pela maioria do Congresso.
Principal beneficiado
A aspa recai bem, sobretudo, em Tarcísio. O governador de São Paulo é o favorito para herdar o capital político de Bolsonaro em 2026 — inclusive com aval do empresariado e do Centrão. Na manifestação, Tarcísio adotou tom crítico à atual gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “O Brasil não aguenta mais a corrupção, o governo gastador, o juro alto… fora, PT”, disse o governador. Na sequência, elogiou Bolsonaro ao afirmar que a gestão do padrinho político “fez uma transformação no Brasil, saneou as estatais, não aceitou acordos políticos e concluiu obras paradas”.
Tarcísio também criticou a inelegibilidade de Bolsonaro. “A gente está aqui para pedir justiça, pedir anistia, pedir a pacificação”, ressaltou. Porém, o governador não citou diretamente os ministros do STF — prática comum entre os políticos aliados a Bolsonaro. Tarcísio não costuma se indispor com ministros da Suprema Corte, o que causa desconfiança entre os bolsonaristas radicais.
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