Após o governo dos Estados Unidos anunciar restrições à concessão de vistos para autoridades estrangeiras acusadas de “censurar” cidadãos americanos, o empresário Jason Miller, ex-assessor de Donald Trump, mencionou diretamente o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Em uma publicação na rede X (antigo Twitter), Miller compartilhou o comunicado oficial da nova política americana e marcou a conta de Moraes, escrevendo: “Compartilhe isto com alguém que imediatamente venha à sua mente quando você ler isto. Ok, eu começo… Olá @Alexandre!”.
A nova diretriz, anunciada pelo secretário de Estado Marco Rubio, não cita nominalmente quais países ou figuras públicas serão afetadas, mas menciona a América Latina como uma das regiões de foco. O governo dos EUA justifica a política com base na Lei de Imigração e Nacionalidade, que permite barrar a entrada de estrangeiros cujas ações sejam consideradas nocivas à liberdade de expressão de cidadãos americanos. Familiares dessas autoridades também podem ser incluídos nas restrições.
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Passagem pelo Brasil
Jason Miller, que hoje é consultor e fundador da rede social GETTR — alinhada a ideias da direita global — já teve passagem polêmica pelo Brasil. Em 2021, foi abordado pela Polícia Federal no Aeroporto de Brasília e ouvido no inquérito das fake news, conduzido por Moraes. Agora, com o endurecimento da política americana, ele retoma protagonismo ao associar publicamente o ministro brasileiro à medida anunciada por Washington.
Nos bastidores, o episódio aumenta a tensão entre Brasil e Estados Unidos. A Justiça brasileira investiga parlamentares e ativistas conservadores, como Eduardo Bolsonaro, e travou embates com a plataforma X por descumprimento de ordens judiciais. Na semana passada, Rubio afirmou no Congresso americano que há “grande chance” de Moraes ser sancionado. A declaração foi vista com preocupação no Supremo, que, embora trate o caso com reserva, considera grave a menção a um de seus ministros e aguarda reação diplomática do governo federal.