Nos bastidores da política goiana, o comentário é que uma suposta aliança entre os grupos caiadista e bolsonarista em Goiás não deve ser encarada com descrença. Ainda que muitos agentes da política local contestem essa possível futura composição, os mais experientes alertam que nada pode ou deve ser descartado.
O governador Ronaldo Caiado (UB) tem feito diferentes costuras políticas de olho no fortalecimento de seu projeto político eleitoral para o ano de 2026. E não é de hoje que o gestor tem trabalhado nesse sentido.
Caiado é, e todos sabem, pré-candidato ao Palácio do Planalto em 2026. Ele foi o primeiro a escancarar para os quatro cantos do Brasil seu interesse em construir um projeto sólido de olho na cadeira mais cobiçada da política brasileira.
Enquanto uns dizem que Caiado pode tirar o time de campo num futuro não muito distante, especialmente se não ver seu nome avançar nas pesquisas de intenção de voto, outros afirmam sem titubear que o governador vai encarar a briga até o final — ainda que não angarie a força esperada.
Se vai mesmo, ou não, só o tempo irá dizer, mas até que isso aconteça fato é que Caiado tem se movimentado de olho em alavancar seu nome. O mesmo tem feito seu vice no Estado, o ex-deputado federal Daniel Vilela. Daniel é o sucessor natural de Caiado em 2026. De olho na disputa daquele ano, o político já tem percorrido regiões estratégicas e articulado de maneira cada vez mais explícita seu nome para a corrida eleitoral daquele ano.
Com ambos já imersos na cena política de 2026, o comentário não seria outro: vão com sede ao pote. E por isso uma aliança com o bolsonarismo não pode ser descartada.
Recentemente, é preciso lembrar, o PL recuou de uma ação que poderia tornar Caiado inelegível e, de quebra, derrubar a chapa eleita em Goiânia, encabeçada pelo empresário Sandro Mabel (UB), o nome do governador na disputa de 2024. O PL chegou a sair vitorioso na primeira instância. Ainda que tenha perdido na segunda, abriu mão de recorrer, impedindo que o processo, um tanto quanto incerto, pudesse passar por uma terceira interpretação.
Desde então, esse recuo tem sido visto como resultado de um claro acordo entre os grupos. A conversa é de que a troco da desistência do PL na ação, os governistas poderiam alocar em sua chapa um nome bolsonarista na disputa ao Senado.
O próprio ex-presidente Jair Bolsonaro disse em diferentes ocasiões não estar interessado na eleição de governadores. Ele quer, na verdade, um time forte na Casa Revisora. Com duas vagas por estado estarão em jogo nas eleições do ano que vem, uma delas poderia alojar o nome do governo (Gracinha Caiado, esposa do governador, é a principal cotada), e um bolsonarista indicado para a ‘segunda vaga’. O vereador Major Vitor Hugo (PL) atualmente desponta como favorito para essa posição.
E por falar nele, o político esteve nesta semana com Bolsonaro. O encontro foi em Brasília. Em entrevista à imprensa local, ele comentou essa possibilidade que até então não perpassa a linha da especulação política. Segundo Vitor Hugo, o cenário em questão está “bem aberto”.
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A possibilidade de composição entre as forças políticas ganhou com os acenos recentes de Caiado ao grupo direitista. Recentemente, o governador declarou que caso se torne presidente da República em 2026 vai anistiar Bolsonaro e os envolvidos no ato do dia 8 de janeiro de 2023.
Em entrevista ao Estúdio I, da GloboNews, o governador afirmou para a jornalista Andréia Sadi: “Está aí um furo para você: Ronaldo Caiado presidente da República vai anistiar e começar uma nova história no Brasil”, declarou.
“Caiado vai chegando na presidência da República e, no meu momento, vou resolver esse assunto, anistiar essa situação toda. E vamos discutir o problema de crescimento e de pacificação do país”, completou o governador em um gesto bem recebido pelos bolsonaristas.