Na sala de sessões da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta terça-feira (10), teve início o segundo dia dos interrogatórios na ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado do chamado “Núcleo Crucial”. A audiência foi conduzida pelo relator da ação, o ministro Alexandre de Moraes. Em nome da acusação, participou o procurador-geral da República, Paulo Gonet. E, integrando o colegiado, o ministro Luiz Fux.
Em ordem alfabética, foram ouvidos o almirante e ex-comandante da Marinha Almir Garnier, o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres, o general da reserva e ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional Augusto Heleno, o ex-presidente da República Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira e o general da reserva e ex-ministro da Casa Civil Walter Braga Netto.
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O almirante Almir Garnier apontou, durante o interrogatório, que o episódio do 8 de janeiro foi muito triste: “Não havia, pelo menos que tivesse chegado ao meu conhecimento, antes da minha passagem de cargo, nenhuma indicação de que haveria alguma organização orquestração, movimentação como aquela que ocorreu no dia 8 de janeiro. A tal ponto que eu me lembro bem desse dia: estava em casa assistindo a televisão e comecei a ficar chocado com aquilo. Foi para mim uma cena muito forte. Eu fiquei muito chocado. Tive até consequências físicas, porque foi algo muito triste. Muito triste e a nação brasileira realmente não precisava disso”, afirmou.
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional do ex-presidente, o general Augusto Heleno, escolheu permanecer calado frente ao ministro Alexandre de Moraes. Negou qualquer envolvimento com o plano golpista. Também disse que não tinha conhecimento dele.
Jair Bolsonaro
O ex-presidente da República negou que tivesse se envolvido em qualquer plano para tentar dar um golpe de Estado. Reconheceu as palavras de baixo calão contra o ministro Alexandre de Moraes e pediu desculpas. “Em hipótese alguma. Não existe isso. Se nós fossemos prosseguir em um estado de sítio e de defesa, as medidas seriam outras. Não tinha clima, não tinha oportunidade e não tinha uma base minimamente sólida para fazer qualquer coisa”, respondeu Bolsonaro.
O ministro da Justiça e Segurança Pública do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Anderson Torres, disse que o protocolo de segurança não foi seguido no episódio do 8 de janeiro. Na época do fato, ocupava o cargo de secretário de Segurança do Distrito Federal (DF). “Quando li esse protocolo à tarde que assinei, falei: ‘Esse protocolo está de bom tamanho, para as informações que a gente tem’. Porque ele era um protocolo que chamo de gravoso. E realmente, ministro [Alexandre de Moraes], houve uma falha grave no cumprimento desse protocolo. É por isso que digo ao senhor: fui surpreendido com isso no domingo. Quando vi o que estava acontecendo aqui no domingo tive informações, pedaços de informações, porque estava num parque na Disney”, explicou.
“Quando tive a informação, eles [os manifestantes] já tinham entrado no Congresso e no Palácio do Planalto. Eu desesperado, ‘manda uma mensagem para o meu secretário-executivo’, uma mensagem que inclusive foi mal interpretada que falei: ‘não deixe chegar ao Supremo’, porque o Supremo ainda estava preservado naquele momento. Mandei essa mensagem para o meu secretário-executivo e liguei diversas vezes para o comandante da PM para perguntar para ele o que estava acontecendo”, ressaltou.
“Praticamente não me atendeu”
“Mas ele [comandante da PM] estava no meio da confusão, praticamente não me atendeu. Naquele momento falei rapidamente com ele. Liguei para o governador, liguei para o Procurador-Geral de Justiça do DF, fiquei desesperado. Liguei para todo mundo, porque realmente do jeito que deixei as coisas em Brasília, é inimaginável que acontecesse o que aconteceu no 8 de janeiro. Ministro [Alexandre], a grande verdade é essa, o protocolo teve uma falha grave no cumprimento dele”, completou.
“Só uma observação, por favor. Uma frase que sempre falei nos meus depoimentos e que eu não disse aqui, mas faço questão de dizer: se o Protocolo de Ação Integradas, o PAI, tivesse sido cumprido à risca, o 8 de janeiro não teria acontecido em Brasília. O senhor [se referindo ao ministro Alexandre de Moraes] pode ter certeza disso”, finalizou Anderson Torres. (Especial para O Hoje)
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