Bruno Goulart
Localizada a cerca de 50 km de Brasília, Águas Lindas de Goiás consolidou-se como o maior município do Entorno do Distrito Federal e o quarto mais populoso de Goiás, com mais de 220 mil habitantes. A cidade cresceu rapidamente como cidade-dormitório para trabalhadores da capital federal, e hoje enfrenta os desafios típicos de um grande centro urbano: mobilidade, saúde, educação e infraestrutura urbana. Ao mesmo tempo, busca redefinir sua vocação econômica, apostando em parcerias internacionais e modernização da gestão. A base econômica, ainda fortemente apoiada nos serviços, começa a se diversificar com os projetos industriais em curso.
Reeleito com mais de 80% dos votos válidos, o prefeito Dr. Lucas Antonietti (UB) iniciou seu segundo mandato com uma ampla reformulação no secretariado — cerca de 80% dos cargos de primeiro escalão foram trocados. Entre as principais promessas de sua nova gestão está a implantação do Complexo Tecnológico Brasil-China, em parceria com a cidade chinesa de Zhongshan. A primeira fase, com início previsto para julho, inclui o polo industrial Sol Nascente e o Instituto de Tecnologia e Comércio (Itec), além de rodoviária e boulevard, marcando um esforço para diversificar a economia local, hoje centrada nos setores de serviços e construção civil.
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Na educação, a Prefeitura garantiu o novo piso salarial dos professores, distribuiu mais de 25 mil kits escolares e inaugurou duas novas creches. Iniciativas como o Cinema Itinerante, a implementação da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no presídio regional e programas de alimentação saudável nas escolas demonstram o foco da gestão na inclusão social. Na infraestrutura, foram entregues mais de 57 mil m² de pavimentação em bairros carentes, além da nova Praça do Jardim Pérola, a construção da sede da APAE, ciclovias e o início das obras de um mini estádio no bairro Campo Clube.
Apesar dos avanços, gargalos estruturais persistem. A saúde pública é apontada como um dos principais desafios. Ao O HOJE, o presidente da Câmara Municipal, Oliveira Júnior (UB), ressaltou que a gestão tem se esforçado para normalizar os serviços. “Na saúde do município, as coisas estão se regularizando, mesmo com a dificuldade nos repasses. Mas é um desafio nacional. Em outras áreas, como infraestrutura e habitação, estamos sobressaindo”, afirmou. Ele ainda defende maior protagonismo da região no cenário estadual, destacando que o Entorno do DF precisa ser mais valorizado politicamente.
A segurança pública, historicamente um ponto crítico em Águas Lindas, apresentou avanços significativos. Em 2024, a cidade entrou para o top 5 das mais seguras do Centro-Oeste, segundo o Anuário Cidades Mais Seguras do Brasil, ao lado de Anápolis, Brasília, Rio Verde e Cuiabá — resultado de investimentos em políticas preventivas e ações integradas.
Oposição
Por outro lado, a oposição critica duramente a atual gestão. O ex-candidato a prefeito, Túllio (PSDB), que tornou-se inelegível ainda durante a campanha de 2024., afirma ao O HOJE que a cidade sofre com endividamento crescente, apontando uma dívida que supera R$ 1 bilhão, em parte devido a empréstimos e obras com suspeita de superfaturamento. Túllio é tido como o maior nome da oposição na cidade, com pelo menos 12 anos tentando se eleger prefeito de Águas Lindas. Ele, que também é servidor concursado do Congresso Nacional, critica o aumento “exorbitante” do IPTU, que teria passado de 100% em alguns casos, e a situação do Hospital Municipal Bom Jesus, que descreve como “em estado de calamidade, com mobília velha e sem ar-condicionado”. Além disso, atribui as grandes obras do município ao ex-governador Marconi Perillo (PSDB), seu correligionário.
Outro opositor, o também ex-candidato a prefeito, Sargento Ribeiro (PSDB), que teve 10% dos votos nas eleições de 2024, ficando em segundo lugar, reforça a ausência de oposição na Câmara. “O prefeito tem apoio de 100% dos vereadores. Eles querem eliminar qualquer tipo de crítica. Quando anunciei pré-candidatura, fui transferido para outra cidade. Isso mostra a falta de espaço para o contraditório”, disse ao O HOJE.