Em meio aos bate-bocas na Câmara Municipal, durante a prestação de contas da gestão do prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), na última quinta-feira, 28, o chefe do Executivo municipal tratou sobre a auditoria do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (DenaSUS) nas maternidades públicas do município. O prefeito deixou claro que vê viés político na auditoria e terceirizou a responsabilidade para a gestão anterior — e foi confrontado pela vereadora da oposição, Aava Santiago (PSDB).
Antes de subir à tribuna do parlamento goianiense, o prefeito conversou com a imprensa. Por lá, criticou a vereadora tucana — que articulou a auditoria do DenaSUS junto ao ministro Alexandre Padilha, que comanda a pasta da Saúde no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “A auditoria tem que pegar os bandidos. A Aava pediu uma auditoria no nosso mandato? Não tem problema algum. Ela precisava pedir quando pagava R$ 20 milhões para o Fundahc e o [ex-secretário municipal da Saúde, Wilson] Pollara passava o dinheiro lá dentro para pagar o fornecedor que ele queria”, disparou o prefeito.
Mabel citou que sua gestão cortou as práticas anteriores e reduziu os repasses irregulares, garantindo que a diminuição dos repasses para os fornecedores foi de R$ 8 milhões que, segundo ele, garantiam a fraude na pasta da Saúde da capital. “Por isso, foi todo mundo preso na Saúde”, disse.
Além disso, o prefeito alfinetou a parlamentar novamente, dessa vez sem citá-la nominalmente. “Não querem olhar onde tem problema, querem olhar politicamente. Para nós pode olhar o que quiser, não temos problema”, disse Mabel. A partir disso, a tribuna do Legislativo goianiense se tornou o palco do embate entre o chefe do Executivo e a tucana.
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Aava rebateu as alegações do prefeito na tribuna, durante a prestação de contas. “Acho muito preocupante que o senhor afirme e reitere diversas vezes que a auditoria do Ministério da Saúde nas maternidades é uma auditoria política. O senhor mesmo disse que o município de Goiânia já recebeu um complemento de média e alta complexidade, e que o governo federal tem sido muito parceiro. Então, eu peço que o senhor reveja essa leitura, porque eu tenho certeza que o ministro Padilha e os técnicos do Ministério da Saúde que autorizaram a auditoria — porque os documentos eram suficientemente robustos — eu tenho certeza que o senhor não acha que eles vieram para Goiânia para dar palco político para uma vereadora”, disse a parlamentar.
Na sequência, a vereadora completou: “Eu sei que eu sou boa, mas não me superestime. Eles estão fazendo o trabalho deles. Se o senhor não respeita a Câmara, ou pelo menos a mim, eu peço que o senhor respeite os técnicos do Ministério da Saúde”.
A tucana também disparou críticas aos aliados de Mabel na Câmara. “O senhor pede que a Câmara solicite uma investigação dos últimos quatro anos. Sabe por que isso não vai acontecer, prefeito? Porque os vereadores da base do [ex-prefeito] Rogério Cruz que ganharam a eleição estão na sua base. E os que perderam estão na sua gestão. Não tem como eles pedirem essa investigação”. (Especial para O Hoje)