Poucos partidos na atual conjuntura da política nacional possuem o poder de barganha do Republicanos. A sigla, expoente entre o eleitorado evangélico, tem sido disputada entre os partidos do centro e da centro-direita, visto que sua posição no cenário atual é muito vantajosa.
O Republicanos é um sonho antigo da federação União Progressista, firmada entre União Brasil (UB) e Progressistas (PP) na última semana. Desde o início das negociações, o partido presidido pelo deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP) era cotado para integrar a aliança. Ao final, a cúpula republicana optou por não federar-se com União Brasil e PP. Entretanto, nos bastidores, as conversas são que Antônio Rueda e Ciro Nogueira, mandatários do UB e do PP, insistem nas investidas e acreditam que até 2026 irão convencer o Republicanos a participar do grupo político.
Além da União Progressista, a fusão que promete dar sobrevida ao tucanato também monitora a situação da sigla que comanda a Câmara dos Deputados. O PSDB e o Podemos, legendas em estágio avançado para se fundirem, articulam segundo movimento para ganhar força política. A cúpula tucana iniciou as conversas para uma federação com o Republicanos e o Cidadania. A informação, do jornal O Globo, é que o PSDB busca, logo após concluir a fusão com o Podemos, federar-se com os outros dois partidos.
Outra possível aliança que coloca o Republicanos no radar é a federação com MDB e PSD. Recentemente, em conversas com a imprensa nacional, o deputado Baleia Rossi (SP), que preside o MDB nacional, garantiu que a legenda iria conversar com o partido de Pereira e o de Gilberto Kassab. A união entre emedebistas, pessedistas e republicanos teria a maior bancada na Câmara e no Senado, além do maior número de prefeituras.
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Em síntese, a procura pelo capital político do Republicanos está a todo vapor. A disputa para ter o partido aliado se explica pela posição que a sigla ocupa atualmente. A legenda preside a Casa Baixa, na figura do deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), e possui uma bancada relevante com 44 deputados, além de 4 senadores na Casa Alta. Além disso, Motta tem demonstrado uma boa relação com o Palácio do Planalto e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Isso representa que o partido, mesmo na centro-direita, possui abertura com o Poder Executivo.
O Republicanos, de maneira ampla, transita dos dois lados. Além de Motta, na condição de aliado estratégico do governo Lula, o partido tem consigo aquele que é o favorito para ser o candidato à direita em 2026: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas. O chefe do Executivo paulista é, entre os cotados, o mais benquisto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A expectativa é que o ex-chefe do Executivo dê as bênçãos a Tarcísio para que o governador dispute a Presidência da República em 2026. O partido reúne também o forte apelo entre os evangélicos — o presidente Marcos Pereira é bispo da Igreja Universal.
Resta saber se, com tantas propostas na mesa, o Republicanos irá participar de uma federação visando as disputas de 2026. A depender das negociações e dos acordos firmados, uma nova aliança pode contornar novos rumos para a política brasileira e o pleito eleitoral do próximo ano. (Especial para O Hoje)