A percepção da população sobre o envolvimento do ex-presidente Jair Bolsonaro em uma tentativa de golpe de Estado em 2022 voltou a crescer. Segundo pesquisa Genial/Quaest, realizada entre os dias 13 e 17 de agosto, 52% dos entrevistados acreditam que Bolsonaro participou do plano para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após a derrota nas eleições presidenciais.
Outros 36% responderam que o ex-presidente não esteve envolvido na conspiração, enquanto 10% não souberam ou preferiram não responder. Apenas 2% afirmaram que não houve tentativa de golpe.
Regiões e perfis do eleitorado
O levantamento mostra que a percepção de envolvimento de Bolsonaro é maior no Nordeste, onde 62% dos eleitores acreditam na participação do ex-presidente. Entre os católicos, 59% compartilham dessa opinião. Já no grupo de pessoas com escolaridade até o ensino fundamental completo, o índice é de 57%. O mesmo percentual aparece entre os que têm renda de até dois salários mínimos.
Em contrapartida, em apenas dois recortes do eleitorado a maioria acredita que Bolsonaro não participou da tentativa de golpe. Na região Sul, 46% dizem que ele não teve envolvimento, contra 43% que apontam participação. Entre os evangélicos, 54% consideram que o ex-presidente não participou, enquanto 30% acreditam no contrário.
A pesquisa também aponta diferenças por gênero. Entre as mulheres, 55% afirmam que Bolsonaro participou do plano golpista, enquanto entre os homens o índice é de 50%.
Prisão domiciliar e avaliação da medida
Outro ponto abordado pela pesquisa foi a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em 4 de agosto. Para 55% dos entrevistados, a medida foi justa, enquanto 39% a consideraram injusta. Outros 6% não souberam responder.
A decisão de Moraes ocorreu após o descumprimento de medidas cautelares impostas ao ex-presidente em um inquérito que investiga tentativa de obstrução de Justiça no processo sobre golpe de Estado. Bolsonaro estava proibido de utilizar redes sociais para se comunicar com apoiadores. No entanto, em 3 de agosto, ele participou de uma ligação de áudio transmitida durante uma manifestação no Rio de Janeiro, por meio de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro.
O levantamento também questionou a percepção dos eleitores sobre esse episódio. Para 57% dos entrevistados, Bolsonaro teve a intenção de provocar o ministro Alexandre de Moraes ao participar da chamada. Já 30% afirmaram que o ex-presidente não compreendeu corretamente as restrições impostas e acabou cometendo um erro. Outros 13% não souberam ou não responderam.
Conhecimento do caso entre os eleitores
A pesquisa revela ainda que 86% dos eleitores já tinham conhecimento de que Bolsonaro estava sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Em março, esse índice era de 73%. Além disso, 84% disseram estar cientes de que o ex-presidente cumpre prisão domiciliar.
Os números da Genial/Quaest também indicam que a percepção de envolvimento de Bolsonaro na tentativa de golpe cresceu em relação a levantamentos anteriores. Em março, 49% acreditavam que ele havia participado do plano, contra 35% que descartavam a participação.
Detalhes da pesquisa
O estudo foi realizado presencialmente com 2.004 brasileiros de 16 anos ou mais, em todas as regiões do país, entre os dias 13 e 17 de agosto. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.
De acordo com os dados, apenas entre evangélicos e no eleitorado da região Sul há maioria que não atribui a Bolsonaro participação na trama golpista. Nas demais regiões, faixas de renda e escolaridade, além de entre mulheres e católicos, a percepção de envolvimento é predominante.
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