O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou na última segunda-feira (14) o envio de novas armas para a Ucrânia, incluindo o sistema de defesa aérea Patriot, considerado um dos mais avançados do mundo. A declaração foi feita durante reunião com o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, na Casa Branca, e marca a retomada formal da aliança entre Washington e Kiev. A medida ocorre em meio a intensos apelos do governo ucraniano por mais proteção contra ataques russos com mísseis e drones.
Além do armamento, Trump ameaçou aplicar uma tarifa de 100% sobre produtos russos caso Moscou não concorde com um cessar-fogo no prazo de até 50 dias. “Estamos muito, muito insatisfeitos (com a Rússia), e vamos aplicar tarifas muito severas se não alcançarmos um acordo (de cessar-fogo) em 50 dias”, afirmou o presidente norte-americano, ao lado de Rutte. A Casa Branca confirmou que, se o prazo não for respeitado, a medida tarifária será implementada na íntegra.
O sistema Patriot é produzido pela Raytheon Technologies e é amplamente empregado por países ocidentais. Capaz de interceptar mísseis balísticos táticos, mísseis de cruzeiro, drones e aeronaves, o Patriot é uma peça central na estratégia de defesa aérea da Otan. Uma única bateria pode custar mais de US$ 1 bilhão, sendo US$ 400 milhões para o sistema e US$ 690 milhões para os mísseis interceptores, segundo o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS). Cada míssil pode chegar a US$ 4 milhões, conforme o modelo.
O envio de novas unidades à Ucrânia será feito “dentro de alguns dias”, conforme disse Trump, que destacou que a entrega incluirá baterias lançadoras completas. “Alguns países que possuem Patriots farão a troca e substituirão os Patriots pelos que já possuem. É um complemento completo com as baterias”, afirmou.
A versão PAC-3 do sistema é apontada como uma das mais eficazes em alcance médio e longo. O radar associado alcança até 150 km, segundo a Otan. Os modelos PAC-2 usam ogivas de fragmentação, enquanto os PAC-3 utilizam impacto direto no alvo. Ainda que não tenha sido projetado para mísseis hipersônicos, os EUA confirmaram que, em 2023, um míssil Kinzhal russo foi derrubado por um Patriot em território ucraniano.
O primeiro envio do sistema à Ucrânia foi feito em 2023. Desde então, autoridades ucranianas têm solicitado novos lotes. Volodymyr Zelensky reforçou recentemente o apelo por mais unidades para proteger infraestrutura crítica e áreas civis diante da intensificação dos ataques russos. Embora reconheçam o alto custo de utilizar os Patriots contra drones de baixo orçamento, autoridades de Kiev defendem que os sistemas são indispensáveis para proteger alvos estratégicos.
Trump destacou que o comércio é uma ferramenta eficaz para pressionar adversários e justificou o novo pacote de tarifas como parte dessa estratégia. Embora os EUA já tenham imposto sanções amplas à Rússia desde 2022, os dois países mantêm relações comerciais pontuais. Em 2024, o fluxo bilateral chegou a US$ 3,5 bilhões, com trocas envolvendo fertilizantes, metais e combustível nuclear, segundo dados do Escritório do Representante Comercial dos EUA.
A Rússia considera a movimentação ocidental como uma escalada. “Fornecer mais sistemas à Ucrânia apenas atrasaria as chances de paz”, disse em maio a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova. O governo de Vladimir Putin vê o Patriot como provocação direta e reforço ao que chama de interferência externa no conflito.
O post Trump promete enviar Patriots à Ucrânia e faz nova ameaça à Rússia apareceu primeiro em O Hoje.