O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, supostamente assinou uma diretiva secreta que autoriza o uso das Forças Armadas contra cartéis de drogas latino-americanos classificados como organizações terroristas. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (8) pelo jornal The New York Times, com base em fontes ligadas ao governo norte-americano.
A medida permite ações militares em territórios estrangeiros e no mar, envolvendo tropas terrestres, navais e aéreas. A estratégia tem como foco organizações da Venezuela e do México, como o Tren de Aragua, a MS-13 e o Cartel de los Soles. O Brasil ficou fora do plano, após o governo Lula recusar classificar organizações nacionais como terroristas, apesar da pressão de Washington.
A decisão representa uma mudança de abordagem no combate ao narcotráfico, tradicionalmente executado por forças policiais. Desde sua volta ao poder em janeiro, Trump tem ampliado ações nessa área. Uma de suas primeiras medidas foi ordenar que o Departamento de Estado passasse a designar cartéis como entidades terroristas. Em fevereiro, o governo americano formalizou essa classificação para diversas facções, alegando que representam ameaça à segurança nacional.
Entre os incluídos na lista estão grupos como o Cartel de los Soles, apontado por membros do governo Trump, como liderado por Nicolás Maduro e membros do alto escalão venezuelano. Duas semanas antes da divulgação da reportagem, essa facção foi adicionada à relação de organizações terroristas globais.
Ainda em seu primeiro mês de mandato, Trump enviou militares da ativa e membros da Guarda Nacional à fronteira sul com a missão de intensificar o bloqueio ao tráfico de drogas e à entrada de imigrantes. A nova diretiva amplia essa atuação ao permitir que o Exército aja diretamente contra traficantes fora do país.
Segundo o The New York Times, o Pentágono já iniciou o planejamento das missões. Fontes ouvidas pelo jornal afirmam que as ações poderiam incluir capturas ou eliminações de membros dos cartéis. Apesar disso, ainda não há uma data prevista para o início das operações.
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, confirmou que foi informada da diretiva, mas descartou a possibilidade de incursões militares americanas em solo mexicano. Ela fez a declaração em entrevista nesta sexta-feira (8), durante sua coletiva diária.
Contudo a medida pode encontrar possíveis entraves legais. Para ações militares fora do território americano, o Congresso costuma ser consultado, e a autorização de uso da força em vigor, aprovada após os ataques de 11 de setembro, não se aplica automaticamente a organizações que apenas o Executivo rotula como terroristas.
A ação é vista como uma resposta à ala conservadora que apoia o presidente e cobra medidas mais duras contra o narcotráfico. Durante a campanha de 2024, Trump prometeu “declarar guerra” aos cartéis. Para o New York Times, a nova diretriz representa o movimento mais agressivo de sua gestão nesse esforço.
Os Estados Unidos costumam atuar na América Latina por meio de suporte às forças de segurança locais. Um caso raro de ação militar direta ocorreu em 1989, quando o então presidente George H. W. Bush ordenou o envio de mais de 20 mil soldados ao Panamá para capturar Manuel Noriega, acusado de envolvimento com o narcotráfico. Operação que foi alvo de críticas da ONU, que a classificou como violação do direito internacional.
A Casa Branca e o Departamento de Defesa não se pronunciaram sobre o conteúdo da ordem até o fechamento da reportagem.
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