O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou sua política tarifária ao enviar cartas para 24 países e à União Europeia. Ele condiciona a retirada de novas tarifas à assinatura de acordos comerciais até 1º de agosto. A medida faz parte do plano de tarifas “recíprocas” lançado em abril, que já havia aplicado taxa base de 10% sobre diversas importações.
Agora, as novas alíquotas variam entre 20% e 50%. Elas atingem setores estratégicos como petróleo, tecnologia, veículos, vestuário e alimentos. Trump justifica as tarifas como forma de equilibrar relações comerciais consideradas desfavoráveis aos Estados Unidos.
Brasil sofre uma das tarifas mais altas
O Brasil aparece entre os países mais prejudicados. Trump anunciou tarifa de 50% sobre exportações brasileiras, o que afeta diretamente produtos como petróleo, ferro, café e sucos. Até então, o país enfrentava apenas a taxa base de 10%.
Além disso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que pode acionar a lei de reciprocidade econômica, prevista na legislação nacional. Essa norma permite suspender acordos comerciais em caso de tratamento desigual. Lula também destacou que, nos últimos 15 anos, os EUA acumularam superávit de mais de US$ 410 bilhões nas trocas com o Brasil.
Canadá e Europa adotam estratégias de reação
O Canadá enfrentará tarifa de 35%, superior aos 25% anteriormente aplicados. O aumento afeta setores como petróleo, veículos e caminhões. Por isso, o governo canadense prometeu intensificar as negociações para evitar os impactos das tarifas.
A União Europeia também entrou na mira. Trump decidiu aumentar a tarifa para 30%, elevando a alíquota anterior em 10 pontos percentuais. Produtos como automóveis, aeronaves, medicamentos, bebidas alcoólicas e itens químicos estão entre os mais afetados. Por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, criticou as medidas e declarou que o bloco está pronto para reagir com contramedidas.
Sérvia, Bósnia e Moldávia também foram incluídas, com tarifas entre 25% e 35%. Elas atingem áreas como TI, vinhos, munições e sucos.
Países asiáticos tentam conter danos
Na Ásia, o impacto será significativo. Bangladesh, por exemplo, receberá tarifa de 35%, atingindo fortemente a exportação de vestuário. O governo teme perder competitividade frente ao Vietnã e à Índia.
Além disso, o Camboja negociou a redução da alíquota de 49% para 36%, mas ainda teme efeitos no setor têxtil. O país orientou trabalhadores e empresários a manterem a calma enquanto busca novas rodadas de negociação.
Já Myanmar, Laos, Tailândia e Malásia enfrentam tarifas entre 30% e 40%. Os produtos afetados incluem calçados, móveis, componentes eletrônicos e óleo de palma. Por isso, Tailândia e Malásia enviaram propostas aos EUA, oferecendo abertura de mercado e aumento na compra de produtos norte-americanos.
Japão e Coreia do Sul também foram atingidos. Os dois países terão tarifa de 25% sobre exportações de veículos, peças e eletrônicos. Enquanto o Japão lamentou publicamente a decisão, a Coreia do Sul prometeu acelerar as tratativas bilaterais.
África e Oriente Médio buscam equilíbrio
Trump também aplicou tarifas a países africanos e do Oriente Médio. África do Sul, Argélia, Líbia, Tunísia e Iraque enfrentarão alíquotas de até 30%, principalmente sobre exportações de petróleo, minerais, roupas e alimentos.
A presidência sul-africana classificou as tarifas como distorcidas e entregou aos EUA uma proposta comercial alternativa no fim de maio. Da mesma forma, Iraque e Líbia seguem buscando diálogo para proteger suas economias dependentes de combustíveis.
Prazos apertam negociações diplomáticas
Com menos de um mês até o prazo final imposto pelos EUA, os países pressionados tentam agir rapidamente. Alguns, como Tailândia, Malásia e Camboja, já apresentaram contrapropostas. Por outro lado, Brasil e União Europeia sinalizaram que podem responder com medidas retaliatórias.
O cenário amplia as incertezas no comércio global. Portanto, governos, empresas e investidores monitoram de perto os próximos passos da Casa Branca. A política de tarifas de Trump, além de gerar tensões diplomáticas, pode reconfigurar fluxos comerciais e impactar cadeias produtivas em várias partes do mundo.
O post Trump ameaça 24 países e União Europeia com novas tarifas até agosto apareceu primeiro em O Hoje.