Seis jornalistas da rede Al Jazeera, incluindo o reconhecido repórter Anas al-Sharif, foram mortos no domingo (10/08) em um ataque israelense próximo ao Hospital Al-Shifa, na Cidade de Gaza, informou a emissora.
Al-Sharif e o também correspondente Mohammed Qreiqeh estavam acompanhados dos cinegrafistas Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa em uma tenda de imprensa montada no portão principal do hospital quando o local foi atingido. A Al Jazeera classificou o episódio como um “assassinato seletivo” e “mais um ataque flagrante e premeditado à liberdade de imprensa”.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) confirmaram que tinham como alvo al-Sharif, alegando que ele liderava uma célula armada do Hamas e havia lançado foguetes contra civis e militares. Entretanto, o Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ) afirmou que Israel não apresentou provas para sustentar a acusação. “É um padrão que temos visto há décadas: jornalistas mortos e depois acusados de serem terroristas, sem evidências concretas”, disse à BBC a CEO do CPJ, Jodie Ginsberg.
O editor-chefe da Al Jazeera, Mohamed Moawad, ressaltou que al-Sharif era um profissional credenciado e “a única voz” que mostrava ao mundo a realidade de Gaza. Ele lembrou que jornalistas internacionais não têm acesso ao território desde o início da guerra, obrigando veículos estrangeiros a depender de repórteres locais.
Momentos antes de morrer, al-Sharif havia publicado no X (antigo Twitter) sobre o intenso bombardeio israelense na Cidade de Gaza. Imagens verificadas pela BBC mostram pessoas carregando os corpos das vítimas e identificando o repórter entre elas. Ao todo, sete pessoas morreram no ataque.
No mês passado, a Al Jazeera, a ONU e o CPJ haviam alertado para riscos à vida de al-Sharif, pedindo sua proteção. Israel já havia o acusado publicamente de integrar a ala militar do Hamas, algo classificado pela relatora especial da ONU para a liberdade de expressão, Irene Khan, como “infundado” e “um ataque flagrante a jornalistas”.
Esta não é a primeira vez que jornalistas da Al Jazeera são mortos em Gaza. Em agosto de 2024, Ismael Al-Ghoul foi atingido por um bombardeio enquanto estava em seu carro. Na ocasião, Israel também alegou envolvimento com o Hamas, acusação rejeitada pela emissora.
Segundo o CPJ, 186 jornalistas foram mortos desde o início da ofensiva israelense, em outubro de 2023. Além dos ataques, repórteres locais enfrentam fome e falta de recursos. Em nota conjunta, BBC, Reuters, AP e AFP manifestaram “preocupação desesperadora” com as condições de sobrevivência dos profissionais.
O conflito atual começou após o ataque do Hamas ao sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que deixou cerca de 1,2 mil mortos e 251 sequestrados. Desde então, mais de 61 mil pessoas morreram em Gaza, segundo o Ministério da Saúde local, administrado pelo Hamas.
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