O Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, da Rússia, responsável pela criação da vacina Sputnik V contra a COVID-19, anunciou que iniciará, em setembro de 2025, os primeiros testes em humanos de uma vacina personalizada contra o câncer. O foco será o melanoma, considerado um dos tipos mais agressivos de câncer de pele. O projeto será realizado em parceria com as principais instituições oncológicas do país.
Segundo Alexander Gintsburg, diretor do Centro Gamaleya, a inovação está em adaptar a vacina ao perfil genético do tumor de cada paciente. “A vacina será ajustada às mutações específicas encontradas no melanoma, criando um modelo molecular individualizado”, explicou. Para isso, os pesquisadores utilizam inteligência artificial na análise detalhada das alterações genéticas, o que permite a elaboração de um mRNA exclusivo para cada caso.
Tecnologia baseada em mRNA
A base científica do novo tratamento segue a lógica das vacinas de mRNA já conhecidas, mas com foco no câncer. Enquanto vacinas como as contra a COVID-19 ensinam o sistema imunológico a reconhecer vírus, essa nova abordagem tem como alvo as células tumorais. O mRNA sintetizado carrega instruções específicas para que o organismo identifique e destrua células cancerígenas que apresentam mutações exclusivas de cada paciente.
De acordo com os pesquisadores, esse método pode ampliar as possibilidades de combate ao câncer, já que não se limita a atacar apenas o tumor primário. A expectativa é que a resposta imune também atinja focos metastáticos, um dos grandes desafios no tratamento de melanomas avançados. A personalização do processo coloca cada paciente no centro da estratégia terapêutica, diferenciando-se de tratamentos convencionais, que seguem protocolos padronizados.
Primeiros testes em setembro
Os ensaios clínicos em humanos terão início em setembro de 2025 e devem avaliar três pontos principais: segurança, resposta imunológica e eficácia. A primeira fase será realizada com um grupo reduzido de pacientes diagnosticados com melanoma, permitindo monitorar os efeitos da vacina de forma controlada.
O projeto conta com a colaboração de importantes centros oncológicos russos, que irão fornecer tanto suporte científico quanto infraestrutura para acompanhar os resultados. Gintsburg destacou que a inteligência artificial terá papel essencial ao acelerar a identificação das mutações genéticas mais relevantes, tornando o processo de criação da vacina mais ágil e preciso.
O Centro Gamaleya informou que os dados preliminares obtidos em estudos pré-clínicos foram encorajadores, o que possibilitou o avanço para a etapa de testes em humanos. Essa fase é considerada decisiva para determinar se a tecnologia poderá ser expandida para grupos maiores de pacientes.
A pesquisa russa se soma a iniciativas em andamento em outros países, como Estados Unidos e membros da União Europeia, que também investigam vacinas personalizadas contra diferentes tipos de câncer. Entretanto, o anúncio de início dos testes clínicos em humanos coloca a Rússia entre os primeiros a avançar com a aplicação prática da tecnologia especificamente para melanomas.
Os resultados da fase inicial dos testes devem ser divulgados após a conclusão do acompanhamento clínico dos primeiros pacientes. Caso sejam positivos, novas etapas serão programadas, com maior número de participantes e prazos mais longos de observação.
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