Reino Unido, Austrália e Canadá anunciaram neste domingo (21) o reconhecimento formal do Estado da Palestina. A decisão representa uma guinada histórica no posicionamento desses países e coloca, pela primeira vez, duas nações do G7 nesse grupo. O gesto ocorre em meio à intensificação da guerra em Gaza, à escalada da crise humanitária e ao enfraquecimento das negociações de paz.
No Reino Unido, o anúncio foi feito pelo primeiro-ministro Keir Starmer, que utilizou as redes sociais para detalhar a decisão. “Hoje, o Reino Unido reconhece formalmente o Estado da Palestina para reviver a esperança de paz entre palestinos e israelenses, e uma solução de dois Estados”, afirmou. Em julho, Starmer havia adiantado que a formalização ocorreria em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU, condicionada a avanços de Israel em direção a um cessar-fogo. Diante da falta de progresso e do agravamento humanitário, o governo britânico decidiu antecipar a medida.
O Canadá formalizou o reconhecimento com o primeiro-ministro Mark Carney, que declarou: “O Canadá reconhece o Estado da Palestina e oferece sua colaboração para construir a promessa de um futuro pacífico, tanto para o Estado da Palestina como para o Estado de Israel”. A declaração fez do país, junto com o Reino Unido, os primeiros do G7 a oficializar tal posição.
Na Austrália, o primeiro-ministro Anthony Albanese anunciou que “a Austrália reconheceu formalmente o independente e soberano Estado da Palestina”. Ele ressaltou que o ato reflete um compromisso de longa data com a solução de dois Estados, destacando que este seria o único caminho para garantir paz e segurança duradouras na região.
A decisão conjunta foi recebida com críticas de Israel, que considera tais medidas uma recompensa ao Hamas e um incentivo ao terrorismo. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manifestou concordância com a posição israelense. Em contrapartida, França e Arábia Saudita seguem articulando esforços diplomáticos para que outros países se juntem ao grupo que já reconhece o Estado palestino.
Enquanto os anúncios se sucediam, a guerra em Gaza se intensificava. Hospitais da Cidade de Gaza relataram a chegada de quase 50 corpos nas primeiras 12 horas de domingo. O Ministério da Saúde palestino informou que, em 24 horas, 75 corpos e mais de 300 feridos deram entrada em unidades médicas. Desde o início das operações militares israelenses, em outubro de 2023, o órgão calcula 65.283 mortos.
As Forças de Defesa de Israel afirmaram ter matado “vários terroristas que estavam se preparando para realizar ataques” na Cidade de Gaza, sem detalhar números. Militares também anunciaram a destruição de estruturas do Hamas e a descoberta de explosivos, além de um ataque aéreo que teria causado “inúmeras explosões secundárias”. Segundo os israelenses, mais de 500 mil palestinos já deixaram a região após a ordem de evacuação emitida no início de setembro.
O papa Leão XIV também se pronunciou. Durante o Angelus na Praça de São Pedro, declarou solidariedade à população da “terra martirizada” de Gaza e reforçou o apelo pela paz. “Repito: não há futuro baseado na violência, no exílio forçado, na vingança. Os povos precisam de paz”, disse, sob aplausos dos fiéis que exibiam faixas pedindo “paz para Gaza”.
O reconhecimento do Estado Palestino por países centrais do Ocidente aumenta a pressão sobre Israel em um momento de guerra prolongada e sinaliza que a defesa da solução de dois Estados volta a ocupar espaço central no debate internacional.
O post Reino Unido, Canadá e Austrália reconhecem Palestina apareceu primeiro em O Hoje.










