Israel enfrenta uma crescente pressão internacional com a intensificação dos esforços diplomáticos para o reconhecimento do Estado palestino por parte de países ocidentais, incluindo integrantes do G7. Portugal, Canadá, França e Reino Unido anunciaram, nos últimos dias, que estudam oficializar o apoio à criação do Estado da Palestina durante a 80ª Assembleia Geral da ONU, marcada para setembro. A articulação ocorre em meio ao agravamento da crise humanitária na Faixa de Gaza e a declarações recentes do governo israelense sobre possível anexação de territórios palestinos.
O movimento ganhou força após uma reunião em Nova York, promovida pela Arábia Saudita e França, que discutiu alternativas para uma solução pacífica no Oriente Médio. No encontro, Estados árabes e muçulmanos divulgaram um apelo inédito para que o Hamas abandone as armas e deixe o controle da Faixa de Gaza.
Portugal, que participou das conversas, anunciou nesta quinta-feira (31/7) que iniciou o processo de reconhecimento formal da Palestina, com a possibilidade de concluir o trâmite até setembro. Segundo comunicado oficial, a decisão é reflexo de “desenvolvimentos extremamente preocupantes” do conflito, da disposição de países árabes em negociar com Israel e do compromisso da Autoridade Palestina com reformas políticas.
A Alemanha, embora tenha adotado uma posição mais cautelosa, também defendeu o início imediato de um processo que leve à criação do Estado palestino. O ministro das Relações Exteriores, Johann Wadephul, afirmou que o país não pretende recuar em seu apoio à causa palestina, e indicou que medidas unilaterais não estão descartadas. Em visita à região, Wadephul declarou que a situação humanitária em Gaza “atingiu dimensões insondáveis” e que Israel começa a se encontrar isolado no cenário diplomático.
O Canadá, liderado pelo primeiro-ministro Mark Carney, comunicou na quarta-feira (30/7), que pode aderir ao reconhecimento do Estado palestino em setembro. Carney afirmou que o país busca preservar a solução de dois Estados e evitar que os desdobramentos da guerra tornem essa proposta inviável.
“O reconhecimento do Estado palestino é um passo necessário para honrar o desejo dos povos por coexistência pacífica e segurança duradoura”, declarou Carney em nota. O governo canadense defende que a criação de dois Estados independentes, israelense e palestino, é o único caminho viável para uma paz sustentável.
As declarações canadenses foram duramente criticadas por Israel. O Ministério das Relações Exteriores considerou que a mudança de postura representa uma recompensa ao Hamas e prejudica os esforços em curso para alcançar um cessar-fogo e libertar os reféns em Gaza. Donald Trump, também reagiu negativamente, em publicação nas redes sociais, ele insinuou que a decisão poderá impactar negociações comerciais entre os dois países: “Isso vai tornar muito difícil para nós fecharmos um acordo comercial com eles. Oh, Canadá!!!”
França e Reino Unido declararam que podem seguir o mesmo caminho caso o conflito se prolongue. Ambos afirmaram que a continuidade da guerra e o colapso das condições de vida em Gaza reforçam a necessidade de apoiar uma solução definitiva.
Na última semana, a Classificação Integrada de Segurança Alimentar alertou que a fome em Gaza atingiu níveis considerados letais e o cenário de colapso humanitário é um dos fatores que têm motivado a pressão internacional por mudanças concretas.
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