O Conselho de Segurança da ONU realizou uma reunião de emergência na sexta-feira (20), em Nova York, para discutir a escalada do conflito entre Israel e Irã. O encontro foi convocado a pedido do Irã e marcado por trocas de acusações, discursos acalorados e falas duras de diplomatas dos dois países e de outras potências globais.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou para a gravidade da situação. “Não estamos caminhando em direção a uma crise, estamos correndo em direção a ela”, disse. Ele pediu que os países envolvidos “deem uma chance à paz” e afirmou que “a expansão deste conflito pode acender um fogo que ninguém pode controlar”.
Representante do Irã, Amir-Saeid Iravani, acusou Israel de cometer crimes de guerra e exibiu fotos de vítimas civis dos recentes bombardeios. “Pelo menos duas mulheres grávidas e seus bebês ainda não nascidos foram mortos no mesmo dia em que Israel atacou a emissora nacional Irib durante uma transmissão ao vivo”, declarou. Segundo Iravani, os ataques representam “graves violações do direito internacional”.
Danny Danon, embaixador de Israel, rebateu com ataques verbais diretos ao diplomata iraniano. “Senhor Iravani, o senhor não é uma vítima. O senhor nem sequer é um diplomata. O senhor é um lobo fingindo ser diplomata, e nós já cansamos de fingir o contrário”, afirmou. Danon acusou o Irã de tentar assassinar o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente dos EUA, Donald Trump. “Seu governo tentou o assassinato do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e tentou o assassinato do presidente Trump”, disse, sem apresentar provas. Em outro momento, reforçou a posição de Israel: “Não pedimos desculpas por nos defendermos. Não pedimos desculpas por atacar as instalações nucleares do Irã. Não pedimos desculpas por neutralizar a ameaça”.
O representante iraniano, por sua vez, afirmou que, se o Conselho de Segurança não agir, corre o risco de perder credibilidade. “Se o conselho não agir agora, enviará a mensagem de que o direito internacional e as resoluções se aplicam seletivamente. Se o regime de não proliferação entrar em colapso, este conselho compartilhará a responsabilidade com o regime israelense”, afirmou Iravani.
Durante o encontro, a tensão se ampliou com as manifestações das principais potências. A embaixadora dos Estados Unidos, Dorothy Camille Shea, classificou o Irã como “a principal fonte de instabilidade e terror no Oriente Médio, com capacidade para produzir uma arma nuclear”. A declaração divergiu das falas de países como Rússia e Argélia. O embaixador russo, Vasily Nebenzya, acusou os Estados Unidos, a Grã-Bretanha, a França e a Alemanha de espalharem a “invenção infundada” de que o Irã pretende fabricar armamentos nucleares.
Nebenzya ainda criticou o posicionamento da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), que recentemente afirmou que o Irã havia violado o Tratado de Não Proliferação Nuclear. O diplomata russo afirmou que essas nações — Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e a Alemanha — a AIEA seriam “cúmplices” dos ataques israelenses.
O clima da reunião foi de forte polarização. Mesmo com o apelo inicial por diálogo, os discursos revelaram a dificuldade da ONU em mediar um cessar-fogo e frear a escalada da violência. Representantes de países aliados do Irã, como Argélia e Rússia, se contrapuseram às falas de EUA e Israel, enquanto Guterres reforçou o apelo por soluções diplomáticas.
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