A guerra na Ucrânia, que já se arrasta desde 2022, teve novos sinais de impasse diplomático nesta quinta-feira (21). O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, declarou que não há, neste momento, condições para um encontro direto entre Vladimir Putin e Volodymyr Zelensky. Em entrevista, o chanceler russo disse que antes de qualquer reunião seria necessário resolver a questão da “legitimidade” do presidente ucraniano para assinar um eventual tratado de paz. Ele lembrou que um decreto assinado por Zelensky em 2022 proíbe negociações diretas com Putin.
Além disso, Lavrov acusou os líderes da União Europeia de “sabotar o progresso feito no Alasca”, em referência à reunião entre Putin e Trump na semana anterior. Segundo ele, a proposta de envio de tropas europeias à Ucrânia, discutida em reuniões recentes, é vista por Moscou como inaceitável.
Na quarta-feira (20), Lavrov já havia atacado os europeus, acusando-os de tentar influenciar negativamente o posicionamento do governo Trump. Ele afirmou que, durante um encontro na Casa Branca, os líderes da França, Alemanha, Reino Unido e outros países teriam feito “pressões antiéticas” para mudar a visão do presidente americano sobre o conflito. “Não ouvimos nenhuma ideia construtiva”, declarou o chanceler.
Trump, por sua vez, reforçou na segunda-feira (18) que Washington apoiará garantias de segurança para a Ucrânia, o que significaria impedir novas ofensivas russas após um cessar-fogo. Essa posição contou com o apoio de líderes europeus, entre eles Emmanuel Macron (França) e Friedrich Merz (Alemanha).
A sinalização de Lavrov, no entanto, contrasta com falas anteriores. Dois dias antes, ele havia admitido a possibilidade de encontro entre Putin e Zelensky. Agora, com declarações mais duras, Moscou parece recuar. A posição foi reforçada por Dmitry Polyanskiy, representante russo na ONU, que afirmou à BBC que a Rússia não pretende realizar “um encontro apenas por um encontro”.
A União Europeia, por sua vez, pressiona para que um eventual acordo traga garantias sólidas contra novas ofensivas russas. Estiveram presentes em Washington para a rodada de conversas Emmanuel Macron, Keir Starmer, Friedrich Merz, Ursula von der Leyen (Comissão Europeia), Mark Rutte (Otan), Giorgia Meloni (Itália) e Alexander Stubb (Finlândia).
Segundo informações do G1, para que haja acordo, Putin exige manter o controle de todo o Donbass e obter a promessa de que a Ucrânia não entrará na Otan nem receberá tropas ocidentais em seu território. Caso essas condições sejam aceitas, Moscou interromperia suas ofensivas em Zaporizhzhia e Kherson.
As exigências, porém, colidem diretamente com os pontos defendidos por Trump em sua reunião no Alasca. O presidente americano afirmou que a Ucrânia manteria “muito território” e que o Ocidente poderia enviar forças após o cessar-fogo, o que vai na contramão da proposta russa.
Zelensky já declarou que não abrirá mão do Donbass, alertando que ceder significaria permitir novas expansões territoriais russas rumo à Europa. Moscou, ainda segundo informações do G1, reduziu suas demandas em relação a 2024, quando exigia o controle não apenas de Donetsk e Luhansk, mas também de Kherson e Zaporizhzhia.
Atualmente, estimativas americanas e dados de inteligência aberta apontam que a Rússia controla 88% do Donbass e cerca de 73% das regiões de Zaporizhzhia e Kherson.
O resultado, até agora, é o prolongamento de uma guerra que já deixou centenas de milhares de mortos, deslocou milhões de civis e continua a desafiar a segurança de toda a Europa.
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