A mãe do estudante de medicina anapolino Igor Rafael Oliveira Souza, de 32 anos, denuncia irregularidades no processo judicial sobre a morte do filho, ocorrida em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia. No dia do ocorrido, sete seguranças imobilizaram o estudante na região de Equipetrol, área nobre da cidade, o que causou a morte por sufocamento mecânico de Igor. Logo após, todos os seguranças chegaram a ser detidos, mas foram julgados e liberados em menos de 48 horas, segundo relato de Neidimar Oliveira.
“Meu filho morreu na quinta-feira, e em dois dias os culpados já tinham sido julgados, condenados e perdoados. Não houve investigação nenhuma. A nossa luta agora é para anular esse julgamento e que o caso seja devidamente investigado, porque ele foi brutalmente assassinado em plena luz do dia”, declarou a mãe,
De acordo com Neidimar, a morte ocorreu em frente ao Colégio Alemão, uma das instituições privadas mais influentes da Bolívia, frequentada pela elite local. Além disso, ela afirma ter recebido conselhos para não insistir na Justiça, pois o poder da instituição poderia dificultar qualquer responsabilização dos seguranças. “Falaram para mim: ‘a senhora vai perder seu dinheiro’. Mas eu quero que vá a todas as instâncias, mesmo que a gente perca, porque se perdermos vamos recorrer. Eles, pelo menos, vão ter que gastar o dinheiro deles”, disse.
Além disso, a mãe também relatou que o estudante apresentava sinais de crise de pânico no dia do episódio, pedindo ajuda por acreditar estar sendo perseguido. “Ele falava: ‘me ajuda, tem gente querendo me matar’. Em todo lugar que chegava, acabava sendo colocado para fora, até que chamaram os guardas. E eles o mataram”, contou.
Luto e vaquinha para o traslado
Além da luta judicial, a família enfrenta a dificuldade financeira para trazer o corpo de Igor de volta ao Brasil. Com isso, uma vaquinha online já arrecadou mais de R$ 16 mil, mas ainda está distante da meta de R$ 50 mil, valor necessário para custear o traslado e despesas jurídicas.
“Eu não gostaria de enterrá-lo aqui ou de cremá-lo. Quero dar a ele a dignidade de um sepultamento no Brasil. Não estava preparada para um caso desses, nunca estamos. Estou contando com a solidariedade de amigos e pessoas que têm nos apoiado”, afirmou Neidimar.
“Um filho amoroso e sonhador”
Em meio à dor, a mãe também fez questão de relembrar a trajetória do filho, que estudava medicina na Bolívia há nove anos e estava próximo de concluir o curso. “O Igor era alegre, pacífico, tinha muitos amigos, tocava, cantava, andava de skate. Era muito inteligente e muito amoroso comigo. A gente falava duas, três vezes por dia. Foi um filho maravilhoso, que viveu intensamente. O vazio que ele deixou não tem como preencher.”, diz a mãe.
Neidimar reforça ainda a necessidade de discutir a situação dos estudantes brasileiros no exterior. “Aqui existe uma comunidade grande de brasileiros que vêm para estudar medicina. Eles têm medo do que aconteceu com meu filho se repetir. A gente precisa falar sobre como os estrangeiros são tratados fora do Brasil.”
A família pede apoio tanto financeiro quanto social, para pressionar autoridades brasileiras e bolivianas pela reabertura do caso. “Precisamos de ajuda para dar a ele um túmulo digno e também para que não fechem os olhos para a violência que tirou a vida do Igor”, concluiu.
Acesse aqui a arrecadação virtual.
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