A ofensiva israelense contra o Hamas entrou em uma nova etapa neste fim de semana, marcada por intensos bombardeios nos arredores leste e norte da Cidade de Gaza. Entre a noite de sábado (23) e a madrugada de domingo (24), aviões e tanques israelenses atingiram as áreas de Zeitoun e Shejaia, enquanto o bairro de Sabra foi alvo de disparos contra residências e estradas.
O Exército de Israel confirmou que suas tropas voltaram a operar em Jabalia nos últimos dias, com o objetivo de desmantelar túneis usados por militantes e consolidar o controle militar da região. Segundo porta-vozes militares, a retomada da operação “abre caminho para a expansão do combate em novas áreas e impede que integrantes do Hamas voltem a atuar nos pontos já tomados”.
O governo israelense aprovou, neste mês, um plano para assumir o controle total da Cidade de Gaza, descrita pelas autoridades como o “último bastião” do grupo islamista. A estratégia prevê fases distintas e deve se desenrolar ao longo das próximas semanas. O cronograma abre uma brecha para que mediadores do Egito e do Catar tentem retomar negociações de cessar-fogo, embora líderes israelenses já tenham sinalizado pouca disposição para concessões.
O ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, endureceu o tom neste domingo, prometendo manter a ofensiva até que o Hamas aceite os termos israelenses. Afirmando que a capital do enclave “será arrasada” caso o grupo não libere os reféns nem concorde em encerrar a guerra. A declaração provocou reações imediatas no exterior e críticas dentro do próprio país.
O Hamas reagiu ao anúncio da ofensiva, classificando o plano israelense como prova de que o governo de Benjamin Netanyahu não leva a sério os esforços de mediação. Em comunicado, o grupo afirmou que um acordo de cessar-fogo é “a única forma” de garantir a libertação dos reféns.
A proposta em debate prevê uma trégua de 60 dias, com a libertação de dez reféns vivos e a devolução de 18 corpos em troca de cerca de 200 prisioneiros palestinos. Caso seja implementado, o acordo abriria espaço para negociações sobre um cessar-fogo permanente. Israel, entretanto, insiste que o desfecho do conflito precisa incluir a libertação de todos os reféns, o governo estima que cerca de 20 dos 50 ainda mantidos em Gaza estejam vivos.
Enquanto a diplomacia tenta avançar, a situação humanitária no enclave continua a se deteriorar. O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, informou neste domingo que oito pessoas morreram em decorrência de fome e desnutrição, elevando para 289 o número de mortes relacionadas à escassez de alimentos desde o início da guerra, incluindo 115 crianças. Israel contesta os números, mas agências internacionais de ajuda humanitária alertam para risco iminente de catástrofe alimentar.
A guerra, que já dura quase dois anos, foi deflagrada em 7 de outubro de 2023, quando militantes do Hamas invadiram o sul de Israel, matando cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, e sequestrando 251 indivíduos. Desde então, a resposta militar israelense deixou aproximadamente 62 mil mortos na Faixa de Gaza, segundo dados do Ministério da Saúde local. Além do alto número de vítimas, quase toda a população foi deslocada internamente, vivendo em condições precárias em meio a destruição generalizada.
Apesar da pressão internacional, o governo israelense sustenta que a ofensiva em Gaza é indispensável para impedir que o Hamas volte a se reestruturar. Líderes do país afirmam que a tomada da Cidade de Gaza é questão de tempo e que a guerra só terminará em termos considerados aceitáveis para Tel Aviv.
O post Israel avança para tomada total da Cidade de Gaza apareceu primeiro em O Hoje.