Israel permitirá, por 48 horas, o acesso restrito das forças de segurança da Síria à província de Sweida, na área sul do país, após dias de conflitos violentos entre o Exército sírio e civis da minoria drusa. A decisão foi anunciada na última sexta-feira (18) por uma autoridade israelense não identificada. “Em vista da instabilidade contínua no sudoeste da Síria, Israel concordou em permitir a entrada limitada das forças de segurança interna (sírias) no distrito de Sweida pelas próximas 48 horas”, afirmou para repórteres.
A medida ocorre após um acordo de cessar-fogo e a retirada do Exército sírio da cidade. A operação militar em Sweida durou quatro dias e deixou mais de 500 mortos, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). O combate envolveu forças do governo e comunidades drusas, tradicionalmente protegidas por Israel, e intensificou a tensão entre Tel Aviv e o novo governo sírio.
Na quarta-feira (16), Israel realizou ataques aéreos em Damasco e em posições militares sírias em Sweida. Os bombardeios atingiram o Ministério da Defesa, o quartel-general e áreas próximas ao Palácio Presidencial. Foi a primeira vez que Israel admitiu bombardear a Síria em defesa de uma causa que não envolvia seus próprios cidadãos. A região de Sweida, próxima às Colinas de Golã, já contabiliza mais de 370 mortes desde domingo, segundo a OSDH.
Os ataques israelenses aconteceram mesmo após a atitude do novo presidente sírio, Ahmed al-Sharaa, de aproximação com os Estados Unidos e com Israel. O líder sírio anunciou que a segurança da cidade será entregue a “facções locais” drusas, sem detalhar como se dará o controle. Al-Sharaa também acusou Israel de provocar desestabilização. “Não temos medo da guerra e dedicamos nossas vidas a enfrentar desafios e defender nosso povo”, afirmou em pronunciamento transmitido na TV estatal.
Apesar da trégua, o presidente sírio sinalizou na quinta-feira (17) que seu país está pronto para confrontos diretos. “Colocamos os interesses dos sírios acima do caos e destruição. A decisão ideal nesta fase foi fazer uma escolha prudente para proteger a unidade de nossa pátria e a segurança de seu povo, com base no supremo interesse nacional.”
Ainda na quarta-feira, cidadãos drusos de Israel romperam a cerca da fronteira e se uniram aos drusos sírios. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu que seus compatriotas não cruzassem para a Síria. O Exército israelense afirmou que atua para trazer os civis de volta em segurança. “Estamos trabalhando para salvar os drusos”, disse Netanyahu.
O secretário-geral adjunto para o Oriente Médio da ONU, Khaled Khiari, condenou os ataques aéreos de Israel a Damasco em discurso ao Conselho de Segurança na quinta-feira. Para a ONU, os bombardeios violam os princípios básicos do direito internacional e colocam em risco a estabilidade regional.
As tensões se intensificam após a queda do regime de Bashar al-Assad, em dezembro do ano passado. Desde então, Israel já havia realizado bombardeios contra lideranças jihadistas em território sírio, mas o conflito em Sweida marca um novo capítulo na relação entre os dois países, em meio a uma tentativa frustrada de normalização.
O post Israel autoriza entrada de forças sírias em Sweida após ofensiva militar apareceu primeiro em O Hoje.