O Irã lançou mísseis contra a base americana de Al Udeid, no Catar, na segunda-feira (23), em retaliação direta ao bombardeio conduzido pelos Estados Unidos contra instalações do programa nuclear iraniano no último sábado (21). Segundo fontes israelenses, seis mísseis foram disparados em direção à base, que abriga mais de 10 mil militares e é considerada a maior instalação americana no Oriente Médio.
As explosões foram ouvidas em diversos pontos de Doha, capital do Catar. Porém, apesar da intensidade do ataque, o governo catari informou que não houve vítimas entre civis. Autoridades dos Estados Unidos também afirmaram que nenhum soldado americano morreu na ação, de acordo com a agência Reuters.
Poucas horas depois do bombardeio, o espaço aéreo de quatro países — Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Bahrein — foi temporariamente fechado. O Ministério das Relações Exteriores do Catar classificou a ação iraniana como uma violação flagrante de sua soberania, mas reconheceu que o governo de Teerã informou com duas horas de antecedência sobre o ataque, por meio de canais diplomáticos. Washington também teria recebido o mesmo alerta prévio.
A ofensiva foi anunciada pela mídia iraniana como parte da operação “Anunciação da Vitória”. Em nota, as Forças Armadas do Irã afirmaram que “nenhum ataque ao território iraniano ficará sem resposta” e prometeram reagir a qualquer violação da integridade nacional. O Conselho Supremo de Segurança do país declarou que a retaliação não foi dirigida ao Catar, mas sim aos interesses americanos na região. E ainda ressaltou que o ataque não “representa qualquer perigo para o Catar ou seu povo”.
Autoridades iranianas, ouvidas pelo New York Times, explicaram que o objetivo era realizar um contra-ataque simbólico, sem causar grandes baixas, e preservar uma eventual margem de desescalada. A estratégia seria semelhante à adotada em 2020, após o assassinato do general Qassem Soleimani, quando o Irã lançou mísseis contra uma base americana no Iraque também com aviso prévio.
A base de Al Udeid é um dos pontos centrais da presença militar dos EUA no Golfo Pérsico e tem papel estratégico em operações de monitoramento e resposta no Oriente Médio. Após os bombardeios, embaixadas americanas em Doha e no Bahrein elevaram seus protocolos de segurança, emitindo alertas para que cidadãos dos Estados Unidos se mantivessem em abrigos até segunda ordem.
O ataque iraniano ocorre dois dias depois da operação americana batizada de “Martelo da Meia-Noite”, quando bombardeiros dos EUA atingiram as instalações nucleares de Fordow, Natanz e Esfahan. De acordo com o Pentágono, os alvos foram destruídos com uso de bombas de penetração profunda. O governo de Teerã condenou a ação, enquanto o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, parabenizou o presidente Donald Trump e afirmou que o ataque “mudará a história”.
Desde 13 de junho, o Irã também enfrenta ofensivas israelenses, que alegam ter como alvo estruturas militares e nucleares. Em resposta, Teerã passou a disparar mísseis diariamente contra cidades israelenses como Tel Aviv, Haifa e Beersheba.
Em nota transmitida pela emissora estatal iraniana, o governo justificou a retaliação da segunda-feira como resposta à “flagrante agressão militar do regime criminoso dos Estados Unidos contra instalações nucleares pacíficas”. A nota ainda acrescenta que as bases americanas no Oriente Médio representam, segundo Teerã, uma “fraqueza estratégica” e um “espinho no pé” de Washington.
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