A proposta aprovada pelo Parlamento do Irã no domingo (22) de fechar o Estreito de Ormuz, ponto estratégico do transporte marítimo global, representa um novo e arriscado capítulo na crescente tensão entre Teerã, Washington e Tel Aviv. A medida, ainda pendente de aprovação pelo Conselho de Segurança Nacional e pelo líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, foi anunciada como retaliação direta aos recentes ataques dos Estados Unidos contra instalações nucleares iranianas. Caso a decisão avance, Teerã poderá usar força militar para impedir o tráfego na região, desafiando normas internacionais e elevando o risco do conflito.
A iniciativa iraniana não é apenas simbólica. Trata-se de um movimento com potencial real de alterar os rumos da crise no Oriente Médio. O fechamento do Estreito de Ormuz, mesmo que temporário, sinalizaria uma disposição inédita de Teerã em transformar o conflito com Israel e os EUA em um embate de consequências globais. A ameaça de fechar o corredor marítimo atinge diretamente interesses estratégicos de diversas potências, principalmente pelo potencial de provocar reações militares e sanções econômicas severas.
O Estreito de Ormuz é considerado o ponto mais sensível do comércio de petróleo no mundo. Diariamente, cerca de 20 milhões de barris de petróleo e derivados cruzam os 33 quilômetros de largura da via, que separa o Irã de Omã e liga o Golfo Pérsico ao Mar Arábico. Mesmo que as águas utilizadas para navegação comercial sejam, em grande parte, reconhecidas como internacionais, a geografia da região dá ao Irã poder significativo para obstruí-las. No trecho mais estreito, a via navegável tem apenas 3,2 quilômetros em cada direção, o que a torna especialmente vulnerável a ações militares.
Na prática, o Irã não teria respaldo legal para bloquear o estreito, protegido pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (Unclos), mas, do ponto de vista militar, dispõe de navios de guerra, mísseis e milícias que podem ameaçar qualquer embarcação que transite pela área. Além do petróleo, a rota é essencial para o transporte de gás natural, plásticos, fertilizantes, produtos químicos, veículos e equipamentos eletrônicos, principalmente com origem ou destino na Ásia.
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