A prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), intensificou a tensão entre Brasil e Estados Unidos. A medida foi alvo de críticas de representantes do governo americano e repercutiu amplamente na imprensa internacional, que relacionou o episódio a disputas judiciais, diplomáticas e comerciais.
Na rede social X, o vice-secretário de Estado dos EUA, Christopher Landau, afirmou que os atos de Moraes estariam levando o país para uma “ditadura judicial”. Ele classificou a decisão como motivada por críticas feitas ao próprio ministro, agora enquadradas como “obstrução da justiça”.
Outra manifestação partiu do Escritório para Assuntos do Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado. Em publicação bilíngue, o órgão afirmou que Moraes “usa as instituições brasileiras para silenciar a oposição e ameaçar a democracia”. O texto, republicado pela Embaixada dos EUA no Brasil, acrescenta que os Estados Unidos responsabilizarão quem colaborar com a ordem judicial. “Deixem Bolsonaro falar!”, diz a nota.
Steve Bannon, ex-assessor de Donald Trump, também comentou o caso. Em seu podcast, ele afirmou que a ordem de Moraes marca uma escalada na relação entre os dois países. Ao lado da jornalista Natalie Winters, disse que a ação ocorreu logo após a divulgação de documentos relacionados ao 8 de Janeiro. Ele também criticou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, durante encontro do PT, mencionou que o Brasil não aceitará submissão política aos Estados Unidos, em resposta a novas tarifas comerciais anunciadas por Washington.
A repercussão internacional seguiu intensa. O Wall Street Journal explicou que Bolsonaro foi colocado em prisão domiciliar enquanto o STF analisa suspeitas de que o ex-presidente tenha articulado uma tentativa de golpe em 2022. O jornal relatou que ele descumpriu ordens judiciais, usou redes sociais para incitar ataques à Corte e que, após movimentos de apoio de Trump, passou a sofrer restrições como tornozeleira eletrônica e bloqueio de acesso à embaixada americana.
Já o New York Times relacionou o caso à disputa tarifária entre os dois governos. Segundo o jornal, a decisão de Moraes inclui apreensão do celular de Bolsonaro, restrição de visitas e afastamento das redes sociais. O veículo também citou a fala de Trump, que classificou o processo como “caça às bruxas”, e destacou as medidas punitivas contra Moraes anunciadas dias antes.
Na Europa, o The Guardian afirmou que Bolsonaro teria violado medidas preventivas e que o STF justificou a prisão com base no uso de redes sociais para promover discursos contra a Corte e solicitar apoio externo. A BBC destacou que Bolsonaro nega as acusações. No fim de semana, o senador Flávio Bolsonaro colocou o pai em viva-voz para dialogar com manifestantes no Rio de Janeiro.
A rede Al Jazeera noticiou que a prisão domiciliar ocorre em meio a acusações de tentativa de reverter o resultado da eleição de 2022, vencida por Lula. A emissora pontuou que o STF busca conter interferências políticas e digitais do ex-presidente enquanto o processo avança.
A decisão judicial, somada às reações americanas, ampliou o impasse institucional e gerou repercussões que ultrapassam os limites do Judiciário brasileiro. O caso envolve não apenas disputas internas, mas também atritos com a administração de Donald Trump, num contexto em que questões judiciais e geopolíticas se entrelaçam.
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