Dois anos após o ataque de 7 de outubro de 2023, o Hamas afirmou nesta terça-feira (7) que a ofensiva foi uma “resposta histórica” às ações israelenses. O grupo declarou que mantém disposição para um acordo de paz, mas impôs algumas condições.
Em pronunciamento transmitido pela TV, Fawzi Barhoum, alto funcionário do Hamas, disse que a organização aceita discutir os termos do plano apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No entanto, vinculou o entendimento a seis pontos: cessar-fogo permanente, retirada total das forças israelenses da Faixa de Gaza, liberação irrestrita de ajuda humanitária, retorno dos deslocados às suas casas, início imediato da reconstrução sob gestão palestina e um acordo “justo” de troca de prisioneiros.
Barhoum não explicou o que o grupo considera justo nessa troca, limitando-se a afirmar que as negociações devem atender “às aspirações do nosso povo em Gaza”.
Algumas das exigências do Hamas já haviam sido rejeitadas em negociações anteriores. Israel condiciona qualquer trégua ao desarmamento completo do grupo, exigência que o grupo se recusa a aceitar. Essa divergência, somada à desconfiança mútua, mantém as tratativas conduzidas no Egito, lentas e indefinidas.
Segundo Barhoum, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu estaria tentando “obstruir e frustrar” a rodada atual, como teria feito nas anteriores. “A delegação do movimento que participa das negociações atuais no Egito está trabalhando para superar todos os obstáculos para chegar a um acordo”, afirmou.
O ataque que completa dois anos foi o estopim da guerra em Gaza. Na manhã de 7 de outubro de 2023, terroristas do Hamas invadiram o sul de Israel e mataram cerca de 1.200 pessoas, levando 251 reféns para Gaza. Autoridades israelenses informam que 48 ainda estão sob poder do grupo, 20 vivos e os demais mortos.
Ainda em discurso a TV, Barhoum reafirmou que a ofensiva, chamada “Tempestade de Al-Aqsa”, respondeu “às tentativas de erradicar a causa palestina” e acusou Israel de ocupar ilegalmente territórios palestinos.
Mapa mostra território da guerra em Gaza. (Foto: Reprodução/ Wikipedia)
Israel comenta ataques do Hamas
O governo israelense, porém, usou suas redes oficiais para lembrar a data. “Neste exato momento, há dois anos, Israel enfrentou o dia mais sombrio de sua história”, escreveu o Ministério das Relações Exteriores no X. A nota reafirmou o compromisso de “desmantelar o Hamas para pôr fim à guerra”.
Enquanto o conflito completa seus dois anos, as conversas mediadas por Washington seguem com acordos parciais. Trump declarou que um acordo para encerrar a guerra “está muito próximo” e prometeu “fazer todo o possível” para garantir o cumprimento dos termos quando houver consenso. “Estamos muito próximos de chegar a um acordo no Oriente Médio. Assim que um acordo sobre Gaza aconteça, vamos fazer todo o possível para certificar que todo mundo adira ao acordo”, afirmou o presidente norte-americano ao lado do premiê canadense, Mark Carney.
Nas ruas de Israel, o cansaço da guerra se reflete em protestos e vigílias. Em Tel Aviv e Jerusalém, familiares de vítimas e reféns realizaram cerimônias em memória dos mortos e pediram um cessar-fogo imediato. Pesquisas locais apontam que a maioria da população apoia um acordo para recuperar os reféns e pôr fim à guerra.
Do outro lado da fronteira, mais de dois milhões de palestinos enfrentam uma catástrofe humanitária. A ofensiva israelense devastou bairros inteiros e restringiu a entrada de alimentos e remédios, gerando fome e colapso nos serviços essenciais, segundo agências da ONU.
Leia mais: EUA lançam plano para Gaza com Trump no Conselho da Paz