O Hamas anunciou na última quarta-feira (9) que aceitou libertar dez reféns mantidos na Faixa de Gaza, em mais uma tentativa de destravar as negociações por um cessar-fogo com Israel. O gesto ocorre em meio a um novo esforço diplomático mediado por Catar e Estados Unidos, diante do impasse que mantém a guerra ativa desde outubro de 2023.
De acordo com o grupo islamista, a decisão de aceitar a libertação parcial de prisioneiros ocorre apesar do que consideram “intransigência” por parte do governo israelense. O comunicado do Hamas afirma que o movimento continua empenhado nas conversas, mantendo o “espírito positivo” junto aos mediadores.
Entre os pontos centrais em debate nas reuniões realizadas em Doha estão a retirada das forças israelenses da Faixa de Gaza, o aumento no envio de ajuda humanitária à população civil e a exigência de garantias firmes para que uma trégua se transforme em cessar-fogo definitivo. Os detalhes sobre os dez reféns que seriam soltos não foram divulgados.
A sinalização ocorre dias depois de dois encontros entre o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Casa Branca. Durante as conversas, ambos reafirmaram que a libertação dos sequestrados é prioridade nas negociações. Netanyahu destacou que Israel estaria disposto a aceitar uma pausa de 60 dias nos combates, com a condição de que parte dos reféns vivos e os corpos dos reféns mortos fossem devolvidos.
Segundo o Exército de Israel, 49 pessoas ainda seguem como reféns em Gaza, entre elas, 27 foram oficialmente declaradas mortas. O número inicial de sequestros, durante o ataque de 7 de outubro de 2023, era de 251 israelenses.
O chanceler israelense, Gideon Saar, também demonstrou abertura para o acordo, indicando que, se for firmado um cessar-fogo temporário, ele poderá ser usado como base para negociações mais amplas visando à paz duradoura.
A proposta atual resgata parte dos termos discutidos no início do ano, quando Israel e Hamas chegaram a assinar um cessar-fogo intermediado por Catar, Estados Unidos e Egito. Naquele momento, a trégua previa três fases, com trocas de prisioneiros e avanços graduais rumo a um desfecho diplomático. No entanto, a segunda etapa foi interrompida após divergências. Israel exigiu a entrega de todos os reféns restantes antes de avançar nas demais etapas, o que levou ao rompimento do entendimento e à retomada dos bombardeios.
A ofensiva militar israelense segue intensa. Somente na última quinta-feira (10), ataques na Faixa de Gaza causaram 52 mortes, segundo autoridades de saúde locais. Em Deir al-Balah, um bombardeio nas proximidades de um centro médico matou dez crianças e seis adultos. O Exército de Israel declarou que o alvo era um militante do Hamas envolvido na ação de outubro e que está apurando os relatos sobre civis feridos.
O número de mortos desde o início da guerra supera 57 mil palestinos, conforme o Ministério da Saúde de Gaza, dado considerado confiável pelas Nações Unidas.
Em paralelo às conversas em Doha, Trump afirmou que acredita na possibilidade de um acordo em breve. O presidente americano afirmou que a trégua pode ser alcançada ainda nesta semana ou no início da próxima.
Netanyahu, por sua vez, atribui os avanços nas negociações à ofensiva militar mantida sobre o território palestino. Em entrevista à imprensa americana, voltou a reiterar que a pressão contínua é o que mantém o Hamas na mesa de negociações.
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