O governo dos Estados Unidos entrou em paralisação nesta quarta-feira (1º) após republicanos e democratas não chegarem a um acordo sobre a lei orçamentária. O chamado shutdown suspende parte dos serviços federais e coloca milhares de servidores em licença até que uma legislação seja aprovada. Trata-se da 15ª paralisação desde 1981 e ocorre em meio a uma disputa central sobre programas de saúde.
Os democratas condicionaram a aprovação do orçamento à prorrogação de iniciativas de assistência médica que estão prestes a expirar. Já os republicanos, alinhados ao Donald Trump, defendem que o financiamento da saúde seja tratado de forma separada e acusam a oposição de usar o impasse como moeda política antes das eleições legislativas de 2026. Nas redes sociais, a Casa Branca classificou a crise como “shutdown democrata”.
A paralisação tem base legal na chamada lei Anti Deficiência, de 1884, que impede agências federais de gastar recursos sem autorização do Congresso. Todos os anos, os parlamentares precisam aprovar 12 leis de dotações para custear os programas do governo. Quando não há consenso, setores sem verba autorizada entram em suspensão, afetando desde serviços administrativos até o pagamento de funcionários considerados não essenciais.
Trump ampliou a tensão ao ameaçar demitir servidores e encerrar programas ligados aos democratas. “Vamos demitir muita gente. E eles serão democratas”, afirmou na terça-feira (30/9). Segundo o presidente, paralisações podem trazer “coisas boas”, permitindo cortes em cargos federais.
Segundo o New York Times, ao menos 13 agências federais terão atividades interrompidas. A Administração de Serviços Gerais será a mais atingida, com 98% de seus funcionários afastados. O Departamento de Educação deve perder 87% da equipe, o de Estado 61% e o Pentágono poderá ter 45% de sua força civil em licença. Mais de 2 milhões de militares permanecerão ativos, mas parte significativa do funcionalismo ficará sem remuneração até a normalização.
O shutdown também afeta a vida prática dos norte-americanos e turistas. Companhias aéreas alertam para atrasos em voos, já que 11 mil funcionários da Administração Federal de Aviação serão dispensados, enquanto 13 mil controladores continuarão em atividade sem receber salários. No setor de turismo, pontos como a Estátua da Liberdade devem suspender visitas. Parques nacionais e museus federais podem fechar as portas ou funcionar de forma reduzida.
Alguns serviços, no entanto, seguem ativos. O pagamento de aposentadorias e benefícios de invalidez está garantido, assim como programas de saúde e assistência alimentar enquanto houver recursos. O Serviço Postal continua operando, já que não depende do orçamento do Congresso. Na área da segurança, agentes do FBI, da Guarda Nacional e de fronteiras permanecerão em serviço.
Historicamente, paralisações têm custo elevado. O episódio mais longo ocorreu entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019, também sob Trump, quando a exigência de recursos para construir o muro na fronteira com o México levou a um shutdown de 35 dias. O impacto no PIB, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso, foi de cerca de 0,1 ponto percentual no trimestre afetado, com prejuízo estimado em US$ 3 bilhões.
Agora, o bloqueio orçamentário reacende a disputa política em Washington. Na segunda-feira (29/9), lideranças dos dois partidos se reuniram na Casa Branca para tentar costurar um acordo, mas as negociações não avançaram. Na noite de terça-feira (30/9), a proposta mais recente obteve apenas 55 dos 60 votos necessários no Senado.
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