Soldados ocuparam as ruas de Katmandu nesta quarta-feira (10) após três dias de protestos contra a lei que restringe o uso de redes sociais no Nepal. A onda de violência deixou 25 mortos, 633 feridos e motivou a decretação de toque de recolher. Em meio à escalada da crise, o primeiro-ministro K.P. Sharma Oli renunciou ao cargo, pressionado por denúncias de corrupção e pelo agravamento da desigualdade econômica.
Em pronunciamento na TV e internet, o general Ashok Raj Sigdel saiu como frente do Estado e pediu por paz, “Apelamos ao grupo manifestante para que suspenda os protestos e se apresente para o diálogo, em busca de uma saída pacífica”, declarou diante da bandeira nacional. “Precisamos normalizar a difícil situação e proteger nosso patrimônio histórico e nacional, bem como nossa propriedade pública e privada, e garantir a segurança do público e das missões diplomáticas.”
As manifestações, lideradas pela chamada “Geração Z”, incendiaram prédios governamentais, veículos e parte do Parlamento. Entre as vítimas está Rajyalaxmi Chitrakar, mulher do ex-premiê Jhalanath Khanal. Pelo menos 19 mortes ocorreram em consequência de disparos de balas de borracha e uso de gás lacrimogêneo pela polícia.
A mobilização foi desencadeada pela censura às redes sociais, considerada o estopim de uma revolta alimentada há meses por denúncias de ostentação da elite política. Jovens organizaram campanhas online para expor filhos de autoridades exibindo luxo enquanto famílias pobres precisavam emigrar para sobreviver. “Os jovens vinham conduzindo uma campanha online havia três meses para expor o contraste entre a vida dos políticos e a das pessoas comuns”, disse o líder Gaurav Nepune.
O contraste social é profundo. Segundo o Banco Mundial, os 10% mais ricos ganham mais de três vezes a renda dos 40% mais pobres. Um em cada cinco nepaleses vive na pobreza, e 22% dos jovens entre 15 e 24 anos estão desempregados. O país integra a lista da ONU de 44 nações menos desenvolvidas do mundo.
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