Os Estados Unidos anunciaram que deixarão novamente a Unesco, agência das Nações Unidas voltada à promoção da educação, ciência e cultura. A decisão, divulgada nesta terça-feira (22), foi tomada pelo governo do presidente Donald Trump e deve ser formalizada até dezembro de 2026.
É a segunda vez que uma gestão de Trump retira os EUA da Unesco. A primeira ocorreu em 2018, quando o país alegou parcialidade da agência em relação a Israel. Agora, a justificativa oficial é de que a organização estaria desviando seu foco original, priorizando temas considerados ideológicos. O Departamento de Estado afirmou, em nota, que a Unesco “passou a adotar a Agenda 2030 de forma desproporcional, abandonando sua missão essencial”. A porta-voz da diplomacia americana, Tammy Bruce, declarou que permanecer na agência “não serve mais aos interesses dos Estados Unidos”.
A saída ocorre no contexto de uma nova série de distanciamentos dos EUA em relação a organismos multilaterais. Desde o início de seu terceiro mandato, Trump determinou a retirada do país da Organização Mundial da Saúde (OMS) e congelou recursos destinados à UNRWA, agência da ONU para refugiados palestinos. A atual gestão também iniciou uma reavaliação da participação americana em instituições ligadas à ONU, com um relatório previsto para agosto.
A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, reagiu com pesar à decisão. “Lamento profundamente a decisão do presidente Donald Trump de retirar novamente os Estados Unidos da América da Unesco”, declarou. Ela afirmou que o desligamento contradiz os valores do multilateralismo e da cooperação internacional. Apesar disso, garantiu que a saída dos EUA não comprometerá o funcionamento da agência.
Segundo Azoulay, desde o primeiro afastamento americano, em 2018, a Unesco vem realizando reformas administrativas e buscando diversificar suas fontes de financiamento. “Graças aos esforços conduzidos desde 2018, conseguimos reduzir a dependência dos EUA, cuja contribuição hoje representa apenas 8% do orçamento”, disse. Ela informou ainda que a arrecadação voluntária de outros Estados-membros dobrou nos últimos anos e que o orçamento total da entidade segue crescendo.
A Unesco, sediada em Paris, foi criada após a Segunda Guerra Mundial com o objetivo de promover a cooperação entre países nas áreas de educação, ciência e cultura. A agência coordena projetos de alfabetização, defesa do patrimônio histórico, liberdade de imprensa e acesso ao conhecimento. É também a responsável por designar os chamados Patrimônios Mundiais da Humanidade, entre eles o centro histórico de Ouro Preto (MG), no Brasil, e o Parque Nacional de Yellowstone, nos Estados Unidos.
Os EUA já haviam deixado a Unesco em 1984, durante o governo Ronald Reagan, sob críticas semelhantes às atuais. Na ocasião, o país alegou má gestão e enviesamento político da agência. O retorno ocorreu em 2003, sob a presidência de George W. Bush. Quinze anos depois, a administração Trump se retirou novamente. O governo Biden reverteu a decisão em 2023 e restabeleceu a participação americana na organização, que agora será encerrada mais uma vez.
Apesar da nova saída, os EUA continuarão sendo observadores até a conclusão formal do desligamento, em 2026. Até lá, a Unesco seguirá com sua programação e com o apoio dos demais países-membros.
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