Os cardeais da Igreja Católica definiram a próxima terça-feira, 7 de maio, como o início oficial do conclave que escolherá o sucessor de papa Francisco. A informação foi divulgada pelo Vaticano nesta segunda-feira (28), após uma reunião a portas fechadas chamada de Congregação Geral, que reuniu cerca de 180 cardeais.
A decisão acontece após o funeral do pontífice, realizado no sábado (26), que reuniu mais de 200 mil pessoas na Basílica de São Pedro. Francisco, que morreu no dia 21 de abril, aos 88 anos, vítima de derrame e insuficiência cardíaca, foi sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore em um túmulo simples, conforme seu pedido registrado em testamento. Durante o fim de semana, milhares de fiéis passaram pelo local para prestar homenagens ao papa falecido.
Preparativos intensificados na Capela Sistina
Com a data definida para o Conclave, o Vaticano iniciou os preparativos para o conclave, incluindo o fechamento da Capela Sistina para a visitação pública. O local sagrado, onde as votações ocorrerão, começa a ser preparado com a instalação da chaminé, por onde será liberada fumaça preta ou branca — sinalizando a continuidade da votação ou a eleição de um novo papa, respectivamente.
No conclave, 133 cardeais com menos de 80 anos terão direito a voto. Sete brasileiros estão entre eles: Sérgio da Rocha, Jaime Spengler, Odilo Scherer, Orani Tempesta, Paulo Cezar Costa, João Braz de Aviz e Leonardo Ulrich Steiner. Segundo as regras da Igreja Católica, são permitidas até quatro votações diárias — duas pela manhã e duas à tarde. Caso não haja consenso após três dias de votação, os cardeais fazem uma pausa de 24 horas para orações e reflexões.
Se, mesmo após 34 votações, nenhum candidato atingir os dois terços necessários — que, neste caso, representam 89 votos —, os dois mais votados disputarão um segundo turno. Ainda assim, será exigido o mesmo quórum para definir o novo pontífice.
Visitantes admiram a Capela Sistina, em Roma — Foto: Alessandra Tarantino/AP/g1
Conclave: expectativa para a escolha e nomes mais cotados
Embora o perfil do próximo papa ainda seja uma incógnita, diversos cardeais aparecem como favoritos para suceder Francisco, que era reconhecido pela abertura da Igreja à diversidade e pela atenção às questões sociais. Entre os nomes citados está o do cardeal Peter Turkson, de Gana, conhecido por seu compromisso com os direitos humanos, o combate à pobreza e as questões ambientais.
Outro nome de destaque é o do cardeal Jean-Marc Aveline, da França, arcebispo de Marselha, bem como o cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, um dos cargos mais importantes da Igreja. Parolin foi o primeiro cardeal nomeado pelo próprio Francisco. Também da Itália, Matteo Mariz Zuppi, arcebispo de Bolonha, e Pierbattista Pizzaballa, patriarca latino de Jerusalém, são citados como possíveis sucessores.
Fora da Europa, o filipino Luis Antonio Tagle, arcebispo de Manila, e o húngaro Péter Erdo, arcebispo de Esztergom-Budapeste, também aparecem entre os papáveis. Cada um deles carrega um histórico que pode pesar a favor ou contra na hora da escolha, conforme as correntes internas dentro do Colégio de Cardeais.
A missa “Pro Eligendo Romano Pontifice” marcará a abertura do processo na manhã do dia 7 de maio, na Basílica de São Pedro. Em seguida, os cardeais seguirão para a Capela Sistina, onde prestarão juramento de absoluto segredo antes de iniciar as votações.
O Vaticano não estabeleceu um prazo para a conclusão do conclave. Nos dois processos anteriores, em 2005 e 2013, a escolha do novo papa foi concluída em apenas dois dias, mas, historicamente, já houve conclaves que duraram semanas e até anos. Durante todo o período, a Capela Sistina permanecerá inacessível ao público.
A Santa Sé também prorrogou até 31 de maio as credenciais dos jornalistas que acompanham a cobertura do Vaticano, antecipando a possibilidade de que a escolha possa demorar mais do que nas últimas ocasiões.
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