O Exército de Israel anunciou nesta quarta-feira (17) a abertura de uma nova rota de fuga para civis da Cidade de Gaza. O corredor, chamado de Salaheddine, deve continuar aberto até sexta-feira (19), e tem como objetivo acelerar a saída de moradores em meio à ofensiva terrestre contra o Hamas.
Israel intensificou os ataques após lançar a operação por terra para assumir o controle total da cidade. De acordo com militares israelenses, mais de 150 posições ligadas ao Hamas foram atingidas desde terça-feira (16). O Ministério da Saúde de Gaza, administrado pelo grupo palestino, informou que 19 pessoas morreram nos bombardeios.
A abertura da nova passagem busca desafogar a estrada costeira de Al-Rashid, que permaneceu congestionada nos últimos dias com veículos e pedestres em fuga. O coronel israelense Avichay Adraee orientou a população a seguir apenas pelas vias determinadas. “A circulação deve ocorrer apenas pelas ruas marcadas em amarelo no mapa como rota para o sul. Siga as instruções das forças de segurança e as placas de trânsito”, afirmou.
Israel estima que 350 mil moradores já deixaram a Cidade de Gaza em direção a zonas humanitárias organizadas pela ONU no sul do território. Antes da ofensiva, entre 900 mil e um milhão de pessoas viviam na localidade. O chefe do Estado-Maior, Eyal Zamir, declarou que “o Hamas recebeu duros golpes que levaram à derrota da maior parte de poderio militar”. Segundo ele, “as conquistas [na Faixa de Gaza] permitirão que Israel se aproxime do fim da guerra”.
Apesar do discurso, Zamir tem divergido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em reuniões do gabinete de segurança. O comandante considera a decisão arriscada para os 48 reféns ainda mantidos pelo Hamas e para os soldados israelenses envolvidos na operação.
A população que ainda vive na Cidade de Gaza atualmente se divide entre os que seguem em fuga, os que não têm meios para deixar a região e os que permanecem por pressão do Hamas ou por desconfiança das ordens israelenses. Quem tenta sair enfrenta congestionamentos de carros e caminhões, além de pessoas caminhando a pé. O custo elevado do transporte e a alta do preço dos combustíveis, consequência da escassez, também dificultam o deslocamento.
Israel calcula que entre 200 mil e 300 mil civis devem permanecer na cidade durante esta fase da ofensiva. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) alertou que mais de cem mil crianças sofrem de desnutrição aguda. A porta-voz Tess Ingram disse que “o deslocamento forçado e em massa de famílias da Cidade de Gaza é uma ameaça mortal aos mais vulneráveis”. Segundo ela, centros de nutrição foram “forçados a fechar esta semana devido a ordens de retirada e à escalada militar”.
As autoridades israelenses negam a existência de fome generalizada e afirmam que as zonas humanitárias oferecem comida, abrigo e atendimento médico para os deslocados.
A pressão internacional também aumentou. O papa Leão XIV criticou as condições enfrentadas pelos palestinos durante audiência semanal no Vaticano. “Expresso minha profunda proximidade ao povo palestino em Gaza, que continua a viver com medo e a sobreviver em condições inaceitáveis, forçado mais uma vez a deixar sua terra”, declarou. O pontífice renovou o pedido por cessar-fogo, pela libertação dos reféns e por uma solução diplomática.
No início do mês, o papa já havia discutido a situação com o presidente israelense Isaac Herzog em reunião no Vaticano, quando lamentou a “trágica situação em Gaza”.
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