A China realizou em Pequim nesta quarta-feira (3), um dos maiores desfiles militares de sua história para marcar os 80 anos da derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial. A celebração reuniu tropas, sobrevoos e a exibição de armamentos de última geração, reforçando a modernização das Forças Armadas e a intenção de afirmar protagonismo global. O evento, na Praça Tiananmen, contou com a presença do presidente russo, Vladimir Putin, e do líder norte-coreano, Kim Jong-un, convidados de honra ao lado de outros 26 chefes de Estado.
Entre os destaques, o Exército chinês apresentou mais de 80% de equipamentos inéditos, incluindo mísseis hipersônicos, drones submarinos e tanques modernos. O escudo antimísseis HQ-29, é descrito como capaz de interceptar alvos a até 500 quilômetros de altura, além de um sistema a laser apontado pela imprensa local como “o mais potente do mundo” para derrubar mísseis e drones. A frota também revelou novos modelos de mísseis antinavio da série YJ, projetados para causar danos críticos a grandes embarcações e possivelmente dotados de capacidade hipersônica.
Durante os ensaios, dois drones submarinos chamaram a atenção: o AJX002, de até 20 metros de comprimento, e outro veículo não identificado. Segundo analistas, a China lidera o desenvolvimento de veículos submarinos não tripulados extragrandes, com pelo menos cinco tipos já em operação. Todo o arsenal exibido é, segundo o governo, de fabricação nacional.
Em discurso, o presidente Xi Jinping afirmou que a China mantém compromisso com a paz, mas alertou para riscos de novos conflitos. Disse que a escolha mundial hoje se dá entre paz e guerra e defendeu que apenas relações de igualdade e cooperação podem evitar tragédias históricas. Xi exaltou os sacrifícios do povo chinês na guerra contra o Japão e afirmou que a vitória contribuiu para salvar a civilização humana.
Durante a cerimônia em Pequim, Trump utilizou sua rede Truth Social para lembrar que “muitos americanos morreram na busca da China pela Vitória e Glória”. Ele escreveu esperar que esses combatentes fossem homenageados. Em outra mensagem, cita ironicamente a presença de Putin e Kim Jong-un, pedindo a Xi que transmitisse cumprimentos aos dois “enquanto vocês conspiram contra os Estados Unidos da América”.
O Kremlin reagiu aos comentários do presidente norte-americano. O assessor Yuri Ushakov declarou esperar que declarações recentes fossem apenas ironias. Segundo Ushakov, não há conspirações e nenhum dos líderes presentes teve tal ideia, ressaltando que todos compreendem o papel dos EUA nos assuntos internacionais.
As tensões entre Washington e Pequim atravessam o pano de fundo do evento. Xi, em cúpula regional que antecedeu o desfile, defendeu uma nova ordem mundial baseada na unidade contra o “hegemonismo e a política de poder”, crítica indireta aos EUA.
O contexto inclui ainda a guerra entre Rússia e Ucrânia. Recentemente, Donald Trump afirmou estar decepcionado com Putin, mas destacou que os EUA adotariam medidas para reduzir mortes no conflito. Ao mesmo tempo, afirmou não se preocupar com a aproximação entre Rússia e China, reforçando que Washington segue superior militarmente.
A acusação marcou mais um episódio de tensão diplomática. Enquanto Pequim buscava projetar imagem de força e unidade internacional em sua maior exibição militar, o presidente norte-americano transformou o evento em palco de críticas, reforçando a disputa narrativa com a China e seus aliados.
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