A Bolívia vai às urnas no domingo (19) para o segundo turno da eleição presidencial, que colocará frente a frente o senador centrista Rodrigo Paz e o ex-presidente conservador Jorge “Tuto” Quiroga. A votação marcará o fim do ciclo do Movimento ao Socialismo (MAS), partido fundado por Evo Morales e dominante na política boliviana desde 2005.
O primeiro turno, realizado em 17 de agosto, representou uma derrota histórica para o MAS, que ficou fragmentado entre os grupos de Morales e do atual presidente Luis Arce. O partido obteve menos de 4% dos votos, com Eduardo del Castillo como candidato principal, enquanto Andrónico Rodríguez, presidente do Senado e pupilo de Morales, alcançou apenas 8,15%.
MAS a frente da Bolívia
A eleição ocorre em um cenário econômico delicado. A queda das exportações de gás natural provocou escassez de combustível, inflação elevada e redução das receitas estatais. Rodrigo Paz e “Tuto” Quiroga prometeram reverter aspectos do modelo estatal da era MAS, mas divergem sobre como implementar mudanças. Ambos também sinalizaram intenção de estreitar relações com os Estados Unidos, após governos socialistas próximos à Rússia, China e Irã.
Morales, impedido de concorrer pelo Tribunal Superior Eleitoral, orientou seus apoiadores a votarem branco ou nulo, em protesto. Ele foi o primeiro líder indígena da Bolívia, eleito em 2005, e conquistou reeleições em 2009 e 2014, alterando a Constituição para estender os mandatos. Após a eleição de 2019, contestada, deixou o país sob pressão militar, enquanto a senadora Jeanine Añez assumiu provisoriamente.
Evo Morales (Foto: Reprodução/ @evoespueblo)
Luis Arce, sucessor de Morales em 2020, também se manteve distante da disputa. Seu candidato, Castilho, ministro de governo, não passou de 3% dos votos, evidenciando a impopularidade do MAS frente à pior crise econômica em décadas. A eleição de domingo definirá um novo rumo para a Bolívia, encerrando quase duas décadas de governo MAS.
O novo presidente tomará posse em 8 de novembro, em meio a expectativas de estabilizar a economia, reduzir a inflação e reformar setores estratégicos.