O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, compareceu nesta quarta-feira (15) a uma nova audiência de seu julgamento por corrupção, em Tel Aviv. O retorno ao tribunal ocorre poucos dias após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pedir a anulação de todos os processos contra o premiê durante discurso no Parlamento israelense.
Netanyahu chegou sorrindo, de terno preto e gravata vermelha, cercado por ministros e sob vaias de manifestantes. A Justiça de Israel atendeu ao pedido de seus advogados para encurtar a sessão, alegando que o chefe de governo está com bronquite. O primeiro-ministro afirmou que seus sintomas “não melhoraram” e que os médicos recomendaram repouso e redução das horas de trabalho.
“O primeiro-ministro sofre de uma bronquite, o que não representa perigo para ele ou para qualquer pessoa que o rodeia. Seguindo as recomendações do seu médico pessoal, o senhor Berkowitz, cancelou a sua agenda para o resto do dia e permanecerá em casa a descansar”, informou o gabinete do premiê em comunicado.
Netanyahu tenta reduzir impacto do julgamento
A audiência estava prevista para se estender até as 16h30 locais (10h30 em Brasília), mas Netanyahu pediu para depor por apenas uma ou duas horas. Segundo o jornal The Times of Israel, esta não é a primeira vez que ele solicita a redução do tempo de comparecimento. Em outras ocasiões, a Corte adotou medidas parecidas por motivos de segurança, em meio à ofensiva israelense na Faixa de Gaza.
Netanyahu é o primeiro chefe de governo na história de Israel a ser formalmente acusado enquanto ocupa o cargo. Ele responde por suborno, fraude e abuso de poder em três processos abertos após investigações conduzidas pelo ex-procurador-geral Avichai Mandelblit.
No início da semana, Donald Trump pediu publicamente ao presidente israelense Isaac Herzog que conceda perdão ao premiê pelos três casos em andamento. Até o momento, Herzog não se manifestou sobre o pedido. A nova audiência ocorreu dois dias após a libertação, pelo grupo Hamas, dos últimos 20 reféns israelenses vivos em Gaza, em uma troca que resultou na liberação de quase 2 mil prisioneiros palestinos. O acordo foi mediado pelos EUA e ratificado por Trump e outros líderes internacionais.
As acusações contra Netanyahu e sua esposa, Sara, envolvem o recebimento de bens de luxo avaliados em mais de US$ 260 mil (R$ 1,4 milhão) de bilionários em troca de favores políticos. O processo foi aberto em maio de 2020. Outros dois casos apontam tentativas do primeiro-ministro de negociar uma cobertura mais favorável em veículos de comunicação locais. Ele nega todas as irregularidades e diz ser alvo de uma conspiração política para retirá-lo do poder.
Durante seu atual mandato, iniciado no fim de 2022, Netanyahu apresentou propostas de reforma judicial que, segundo seus críticos, enfraqueceriam o poder dos tribunais. A iniciativa provocou protestos em massa, que perderam força após o início da guerra em Gaza. No sábado anterior, vaias ecoaram na Praça dos Reféns, em Tel Aviv, cada vez que seu nome foi mencionado durante as manifestações pela libertação dos sequestrados.
Em meio às tensões políticas e judiciais, Netanyahu tenta manter sua base de apoio se aproximando ainda mais de Donald Trump, cuja popularidade entre os israelenses tem servido de amparo ao premiê. Durante seu discurso em Jerusalém, o presidente norte-americano ironizou um dos processos de suborno ao dizer: “Perdoe-o, vamos lá! Quem se importa com charutos e champanhe?”. Em seguida, elogiou Netanyahu, afirmando: “Você é um homem muito popular. Sabe por quê? Você sabe vencer”.
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