Líderes de diversos países se reuniram na última segunda-feira (13), em Sharm El-Sheikh, no Egito, para assinar o acordo de cessar-fogo que encerra oficialmente o conflito entre Israel e o grupo Hamas. A iniciativa, batizada de “Declaração Trump por paz e prosperidade duradouras”, foi proposta pelos Estados Unidos e contou com o apoio de mediadores como o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, o egípcio Abdul al-Sisi e o emir do Catar, Tamim bin Hamad Al Thani.
O encontro foi conduzido sob forte esquema de segurança e simbolizou um raro consenso em meio a anos de guerra. Embora o cessar-fogo tenha sido articulado por Washington, nem Israel nem o Hamas enviaram representantes à cerimônia. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, alegou que o evento coincidiu com um feriado judaico. O Hamas, por sua vez, não foi convidado.
Acordo sobre Gaza
O documento, elaborado a partir de um plano norte-americano apresentado em setembro, estabelece vinte pontos divididos em fases. A primeira, concluída nesta segunda, previa a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos. Trump afirmou que “a era de terror no Oriente Médio chegou ao fim” e descreveu o momento como um marco histórico. O texto prevê a exclusão do Hamas de um futuro governo palestino, anistia a militantes que aceitarem coexistência pacífica e a formação de um governo de transição apolítico supervisionado por um Conselho da Paz, presidido pelo próprio Trump.
Pelo acordo, as tropas israelenses deixarão Gaza gradualmente, enquanto forças norte-americanas monitoram o cumprimento das etapas. Os EUA enviaram duzentos soldados para apoiar o processo e ajudar na criação de um Centro de Coordenação Civil-Militar, que contará com a participação de países árabes. Também está prevista uma ampla mobilização financeira internacional para reconstruir a região devastada pela guerra.
Foto: Jaber Jehad Badwan/ Wikimedia Commons
Trump declarou que “muito dinheiro” será entregue para a reconstrução de Gaza e afirmou ter recebido promessas de apoio de “países de grande riqueza, poder e dignidade”.
Os números dimensionam o desafio: segundo a ONU, 78% das construções foram destruídas ou danificadas e há mais de 61 milhões de toneladas de destroços. O Banco Mundial calcula em 50 bilhões de dólares o custo estimado da reconstrução. De acordo com o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, cerca de 67 mil pessoas morreram em dois anos de conflito, o equivalente a 3% da população local.
Ao final da cerimônia, o presidente francês Emmanuel Macron classificou o dia como “histórico para reféns, famílias, israelenses e palestinos”, mas destacou que “há muitos passos pela frente”. O premiê britânico Keir Starmer alertou que “não podemos dar nenhum passo em falso agora”. Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu que ambos os lados honrem os compromissos assumidos.
Mesmo ausentes da conferência, Rússia e China se manifestaram após o anúncio. O ministro russo Sergey Lavrov disse que o acordo é um avanço, mas criticou a ausência de medidas claras sobre a Cisjordânia e a criação de um Estado palestino. Pequim, por meio de seu porta-voz, declarou apoio aos esforços pela paz e reafirmou a defesa da solução de dois Estados.
Contudo, apesar do acordo assinado, o clima ainda é incerto. Nesta terça-feira (14), Trump afirmou: “Um grande peso foi retirado, mas o trabalho ainda não está concluído. os mortos não foram devolvidos, como prometido!”.
Assim como os 1700 prisioneiros palestinos foram devolvidos, os 24 reféns israelenses também voltaram para casa, porém ainda faltam 24 corpos que não foram entregues sob a justificativa de: o Hamas não os encontrou.