O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, discursou nesta quinta-feira (25) na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York, em um pronunciamento transmitido por videoconferência. A participação virtual só foi possível após votação no plenário da ONU, já que o governo de Donald Trump, anfitrião do evento, havia negado o visto de entrada a Abbas. O líder palestino iniciou sua fala afirmando que não haverá paz no Oriente Médio sem a criação de um Estado da Palestina, mas também aproveitou para condenar o Hamas e declarar disposição em trabalhar com os Estados Unidos em busca de um acordo.
Abbas destacou que a Autoridade Palestina está pronta para assumir a governança da Faixa de Gaza no pós-guerra. Rival do grupo islâmico, disse que o Hamas não terá papel em um eventual novo governo no território. “Afirmamos, e continuaremos a afirmar, que a Faixa de Gaza é parte integrante do Estado da Palestina. O Hamas não terá papel na governança”, afirmou.
Ele ainda rejeitou os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, episódio que desencadeou a guerra em Gaza. “Apesar do que o nosso povo sofreu, nós rejeitamos o que o Hamas fez em 7 de outubro. Essas ações não representam o povo palestino”, disse. O presidente palestino defendeu que o grupo entregue suas armas e reiterou que um futuro Estado palestino não será armado.
Ao longo do discurso, Abbas buscou reforçar a defesa de uma solução política que garanta a coexistência entre dois Estados. “Fizemos todos os nossos esforços para construir as instituições de um estado palestino moderno que viva lado a lado em paz e segurança com Israel”, declarou. Ele também acusou o governo de Benjamin Netanyahu de cometer crimes de guerra durante a ofensiva em Gaza. Segundo Abbas, “a campanha israelense é um crime de guerra e contra a humanidade, que está documentado e será registrado em livros de história”.
O presidente palestino agradeceu o apoio internacional que resultou em uma série de reconhecimentos ao Estado da Palestina nos últimos dias, citando países como Reino Unido, França, Canadá, Portugal e Malta. “Agradecemos os 149 países que já reconheceram a Palestina como um Estado. Nosso povo não esquecerá”, afirmou. Apesar da forte aliança entre EUA e Israel, disse estar disposto a dialogar com Washington.
Ainda, também nesta quinta-feira, Trump afirmou acreditar que um acordo para encerrar a guerra em Gaza está próximo. “Preciso me encontrar com Israel. Acho que podemos fazer isso. Espero que consigamos. Muitas pessoas estão morrendo, mas queremos os reféns de volta”, declarou. O presidente norte-americano destacou ainda encontros com líderes de países árabes à margem da Assembleia Geral da ONU, nos quais apresentou um plano de paz de 21 pontos. “Nos encontramos com o Catar, a Arábia Saudita, os Emirados Árabes Unidos, nos encontramos com a Jordânia. O Rei da Jordânia estava lá. Tivemos uma reunião realmente ótima. Acho que muita coisa foi decidida naquela reunião”, disse.
Enquanto as negociações políticas se desenrolam, a situação humanitária em Gaza continua crítica. O Exército de Israel afirmou que cerca de 700 mil palestinos fugiram da Cidade de Gaza desde o fim de agosto, deslocando-se em direção ao sul do enclave em meio à ofensiva militar. O Escritório da ONU para Assuntos Humanitários apresentou números menores, estimando 388 mil deslocados. Antes do início da ofensiva terrestre, a região abrigava mais de 1 milhão de habitantes.
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