Um dos maiores palcos do futebol brasileiro nas décadas de 80 e 90, o Estádio Serra Dourada, um ícone arquitetônico que amargava a subutilização e a falta de investimento contínuo, está prestes a vivenciar o que autoridades chamam de “renascimento”. O Governo de Goiás e o Grupo Construcap apresentaram o Projeto Complexo Serra Dourada, um marco de modernização que injeta mais de R$ 300 milhões em investimento totalmente privado e transforma o complexo esportivo em um polo de uso diário, integrando esporte, lazer, cultura e turismo.
A iniciativa, sob gestão da iniciativa privada pelos próximos 35 anos, consolida o espaço como um dos principais hubs de entretenimento do Centro-Oeste brasileiro. As obras estão previstas para começar em maio de 2026, com conclusão dos investimentos contratuais em maio de 2028.
Fim da despesa pública no Serra Dourada
A modernização do Serra Dourada, que celebrou 50 anos em março de 2025, é o reconhecimento de uma necessidade histórica. O complexo, projetado por Paulo Mendes da Rocha — vencedor do Pritzker, o Nobel da Arquitetura — já foi vitrine de Goiás, sediando jogos da Seleção Brasileira e lendas como Pelé e Maradona. Contudo, em anos recentes, o equipamento público lutava contra a obsolescência e os custos de manutenção, sendo frequentemente preterido em grandes eventos nacionais.
O modelo de concessão do Serra Doura à Construcap, grupo com expertise em grandes arenas como o Mineirão (MG) e gestão de parques como o Ibirapuera (SP), nasce como a solução definitiva para o problema da gestão pública ineficiente.
O Vice-Governador Daniel Vilela, coordenador do Grupo de Trabalho responsável pelo projeto, não poupou termos para descrever a virada de página: “É a retomada. É o renascimento. O Serra Dourada foi um dos maiores estádios do Brasil nas décadas de 80 e 90. Depois acabou ficando subutilizado e não foi sede da Copa do Mundo. A concessão é um novo capítulo na história do nosso gigante goiano”.
O benefício fiscal é imediato. Ao transferir a gestão e o ônus da manutenção, o Estado desonera seus cofres, com uma economia estimada em R$ 1 bilhão ao longo do contrato, recursos que poderão ser realocados para áreas essenciais.
“O que faremos no Serra Dourada não existe em lugar nenhum da América Latina”, enfatizou Vilela, destacando a importância política de devolver o protagonismo ao estádio por meio de uma parceria transparente e sustentável.
Impacto de bilhões na economia
As projeções econômicas e sociais do novo “Distrito de Esporte, Entretenimento e Lazer” superam a cifra do investimento inicial. A partir de 2030, a expectativa é que o complexo gere uma movimentação anual superior a R$ 1 bilhão na economia de Goiás.
-Empregos e Geração de Renda: Serão mais de 2.500 empregos diretos e indiretos criados durante o período de obras, com o número superando 3.000 postos de trabalho na operação plena.
-Agenda Consolidada: O objetivo é firmar uma agenda com mais de 150 eventos por ano, abrangendo jogos, festivais de música e feiras de negócios, recebendo 3 milhões de visitantes.
-Valorização Imobiliária: A transformação é um catalisador urbano, com expectativa de valorização imobiliária em toda a região central e leste de Goiânia, além de resolver gargalos de mobilidade e segurança.
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Brutalismo preservado
O novo Serra Dourada buscará o equilíbrio entre o modernismo funcional e a memória afetiva. O projeto prevê a preservação integral da identidade brutalista da obra de Paulo Mendes da Rocha e de suas icônicas marquises, que se estendem por 48 metros.
A modernização focada na experiência do torcedor e do espectador:
1.Proximidade ao Campo: O gramado será rebaixado em cerca de dois metros, e a antiga “geral” será demolida, o que levará o público para mais perto das quatro linhas. A capacidade será de até 44 mil torcedores em jogos e 60 mil em shows.
2.Experiência Premium Inédita: Serão criados mais de 60 novos camarotes e suítes. O grande diferencial é a introdução de camarotes no nível do gramado, uma prática comum nos estádios americanos (NFL) e que será pioneira no Brasil, transformando o match day em uma experiência imersiva e luxuosa.
3.Segurança e Acesso: O anel de circulação terá o piso nivelado, e a implantação de catracas com reconhecimento facial e sistemas de acesso contínuo garantirão a segurança e o fluxo rápido.
4.Logística Multiuso: A ampliação do túnel e a nova doca coberta permitirão a entrada direta de carretas no campo, agilizando a montagem e desmontagem de palcos de shows, essenciais para a vocação de hub de eventos.
Enquanto a bola não rola no gramado reformado do Serra Dourada, o Governo já articula com os clubes locais para que os jogos do Campeonato Goiano continuem a ser sediados no estádio até o início das obras mais drásticas, mantendo a tradição esportiva viva.
Complexo urbano
As intervenções se estendem ao Ginásio Goiânia Arena, que receberá uma nova fachada em LED, tratamento acústico de ponta e 29 camarotes, alinhando-se aos padrões de grandes arenas indoor.
A grande transformação social, contudo, se dará na área externa, que será convertida em um espaço de convivência diária:
-Parque Linear: A área de estacionamento será reformulada para incluir um parque linear com mais de 3 km de extensão, com a maior ciclovia e pista de corrida da cidade, totalmente abertas ao público.
-Paisagismo Sustentável: O projeto de paisagismo valoriza o bioma local, com o plantio de cerca de 800 mudas de ipês e outras espécies nativas, promovendo resiliência climática e um novo pulmão verde na região.
-Tecnologia e Inovação: O Complexo será um “Hub de Economia Criativa” com infraestrutura de fibra óptica e cobertura 5G, um centro de controle operacional moderno e espaços que o Governo prevê apoiar iniciativas culturais e de negócios.
O investimento privado também abrange o pilar de sustentabilidade com estudos para a implementação de placas solares, uso de energia renovável e um novo e rigoroso modelo de gestão de resíduos, com foco em reciclagem e compostagem.
Para o presidente da Construcap, Roberto Capobianco, o projeto é um símbolo da capacidade de Goiás. “O Complexo Serra Dourada se apresenta como um símbolo contemporâneo – expressão da grandeza e da potência de Goiás, inspirando o legado que o Estado seguirá construindo para o mundo nas próximas gerações”. O lançamento já impulsiona negociações para a venda de Naming Rights e Sector Rights para o complexo e seus equipamentos.
Com a modernização, o “Gigante do Centro-Oeste” não apenas volta a competir com as arenas mais modernas do país, mas se estabelece como um vetor de desenvolvimento econômico, social e cultural para todo o Estado de Goiás.







