O tênis brasileiro voltou a sorrir. João Fonseca, de apenas 19 anos, ergueu neste domingo (26) o troféu do ATP 500 da Basileia, na Suíça, e entrou de vez para a história do esporte nacional. O carioca venceu o espanhol Alejandro Davidovich Fokina por 6/3 e 6/4, conquistando o maior título de um brasileiro desde que Gustavo Kuerten foi campeão do Masters 1000 de Cincinnati, em 2001 — quando João ainda nem tinha nascido.
A façanha o coloca em um patamar reservado a poucos. Não é todo dia que um brasileiro vence um torneio desse nível, o segundo mais importante do circuito profissional, abaixo apenas dos Masters 1000 e dos Grand Slams. O feito coroou uma semana perfeita: Fonseca exibiu um tênis maduro, agressivo e técnico, com o saque ultrapassando os 230 km/h, e um controle emocional digno de veterano.
Um novo capítulo para o tênis nacional
A vitória em Basileia é o segundo título de ATP na carreira do jovem — o primeiro foi o ATP 250 de Buenos Aires, conquistado em fevereiro deste ano. Mas o troféu suíço tem outro peso: é a confirmação de que João Fonseca não é apenas uma promessa, mas uma realidade.
Em quadra, ele não deu brechas. Logo no início do primeiro set, conseguiu uma quebra de serviço e passou a ditar o ritmo da partida. Seguro, vibrou a cada ponto e mostrou um saque potente e preciso. No segundo set, manteve a consistência e fechou a partida com autoridade. Quando a última bola do espanhol parou na rede, Fonseca caiu de joelhos e olhou para o alto, emocionado.
Após o jogo, o brasileiro agradeceu à equipe, falou sobre a presença da família — que chegou à Suíça pouco antes da final — e revelou uma promessa: se conquistasse o título, rasparia o cabelo. Promessa feita, promessa cumprida. O momento de descontração simbolizou uma conquista histórica, mas também um início de era.
Salto no ranking e marca histórica
Com os 500 pontos somados em Basileia, João Fonseca deu um salto de 18 posições e passou a ocupar o 28º lugar do ranking mundial, tornando-se top 30 pela primeira vez na carreira. É o melhor ranking de um tenista brasileiro desde Guga, e o sexto melhor entre todos os tenistas do país — homens e mulheres — na história.
A ascensão é meteórica. Fonseca começou a temporada fora do top 100, conquistou o primeiro título em Buenos Aires, fez boas campanhas em torneios de saibro e agora encerra o mês de outubro no grupo de elite. O circuito começa a olhá-lo com respeito e curiosidade — e o Brasil volta a ter um nome de destaque no cenário internacional.
De olho nos próximos desafios
Sem tempo para descansar, o brasileiro já tem novos compromissos antes do fim da temporada. Ele disputará o Masters 1000 de Paris, na França, e o ATP 250 de Atenas, na Grécia, na primeira semana de novembro. Em Paris, estreia contra o canadense Denis Shapovalov, um adversário experiente e talentoso. Já em Atenas, ainda aguarda a definição da chave, que deve reunir nomes como Novak Djokovic e Stefanos Tsitsipas.
Esses dois torneios encerram o calendário de 2025 para Fonseca — um ano que começou com esperança e termina com glória. A meta agora é simples: consolidar-se entre os melhores e preparar o terreno para 2026, quando deve entrar de cabeça na briga pelos grandes títulos do circuito.
Promessa: cabelo raspado
João Fonseca em outubro de 2023 após raspar cabelo. (Imagem: Winne Fernandes)
Depois da vitória, João Fonseca contou um episódio que mostra quem ele é além da quadra.
Desde pequeno, tem “muito apego ao cabelo”, disse. Foi o técnico Guilherme Teixeira quem propôs o desafio. “Minha namorada vai odiar, eu nem comentei com ela. É algo que eu tenho com a minha equipe. Eu contei a eles que desde pequeno eu tenho muito apego ao meu cabelo. Agora antes dessa gira, o Guilherme chegou para mim e falou, ‘se a gente ganhar algum torneio dessa gira, você vai ter que raspar o cabelo’. Eu falei ‘tá bom’. Aí na hora que eu ganhei ele já olhou para mim e fez o gesto com a mão. No futuro breve vai ter um João com cabelo raspado” – explicou.










