O aguardo pode ser um sentimento controverso. A espera pela vitória, seja ela qual for, pode ser traduzida em diversas atitudes. Em muitos momentos ela traz indiferença e contentamento, a aceitação de que algo nunca chegará, e basta aceitar. Por outro lado, adicionando algumas letras no termo “espera”, cria-se algo novo: “esperança”. Por mais que o aguardo possa gerar essa sensação de desprazer e desconexão com algo, a verdade é que a ânsia de alcançar determinado objetivo sempre estará presente, mesmo quando não é verbalizado.
Esse sentimento parece ter tomado conta de uma parcela do povo brasileiro no dia 12 de maio de 2025. Carlo Ancelotti era anunciado como o novo técnico da Seleção Brasileira após anos de novela. Surge uma luz no fim do túnel, uma esperança, por assim dizer, uma possível calmaria para a tempestade que assolava o Brasil nesse ciclo para a Copa do Mundo de 2026. O contexto de sua chegada estava longe de ser favorável, com um planejamento controverso (para dizer o mínimo) após a Copa do Mundo de 2022, o Brasil se afunda em um futebol raso, com tentativas forçadas de renovar o grupo, e o principal, sem um líder na beira do gramado.
Os resultados negativos logo se escancaram, a começar com a derrota para o amistoso contra Senegal em 4 a 2, quando naquele momento a Seleção era comandada por Ramon Menezes, técnico interino que assumiu após a saída de Tite. Saída esta que já havia sido anunciada desde antes do Mundial do Catar. Neste período imediato pós-eliminação o nome de Ancelotti já era especulado, e dado como prioridade. Com a saída de Ramon, surge outro interino, Fernando Diniz. De acordo com Ednaldo Rodrigues (Presidente da CBF na época), Diniz chegava para “tapar um buraco” antes da chegada de Ancelotti. A vinda do italiano foi verbalizada e confirmada pelo dirigente da entidade, o ex-técnico do Real Madrid estaria no comando do Brasil já na Copa América de 2024. A história conta: isso não aconteceu
Fernando Diniz comandou o Brasil por seis jogos e foi substituído por Dorival Júnior, finalmente, com um contrato definitivo. Com isso, a vinda de Carlo Ancelotti se perdeu nos sonhos e imaginários do torcedor brasileiro.
O Brasil de Dorival passou longe de apresentar um futebol digno. Não encantava, não convencia, era apático, e com o tempo, nasceu a indiferença e o contentamento por parte da torcida. A seleção seguiu com uma eliminação para o Uruguai na Copa América, e passou pelas eliminatórias aos trancos e barrancos. O episódio que culminou na queda de Dorival foi a goleada sofrida contra a Argentina em Buenos Aires, por 4 a 1. Por motivos óbvios houve revolta, vaias, e a situação do treinador se mostrou insustentável no cargo.
Surge o nome da esperança. Carlo Ancelotti volta a ser especulado para comandar o Brasil neste fim de ciclo e Copa do Mundo. Parte da torcida não acreditou, era a mesma história mas em tempos diferentes. Contudo, o impossível aconteceu, o técnico italiano foi anunciado como o novo líder do Brasil, uma luz no fim do túnel.
Quase quatro meses se passaram desde a sua estreia contra o Equador, e a preparação para os amistosos pré-mundial já começaram. As emoções são mistas, alguns credibilizam totalmente o trabalho do treinador e confiam que o hexacampeonato está cada vez mais próximo. Os mais céticos já jogaram a toalha há um tempo e só vão assistir a final da Copa em que o Brasil esteja presente (caso aconteça).
Os nomes da mais recente lista de convocação segue sendo questionados por muitos, mas o de Ancelotti não. O Brasil se encaminha para iniciar uma bateria de amistosos em preparação para a Copa do Mundo de 2026, com o primeiro deles sendo contra a Coreia do Sul no próximo dia 10 de outubro. O esqueleto definitivo do grupo parece montado, e provavelmente sofrerá poucas alterações até a lista para o mundial.