Bruno Henrique, atacante do Flamengo, foi indiciado pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento em um esquema de estelionato e manipulação de resultados no futebol brasileiro. A investigação aponta que o jogador teria forçado sua expulsão em uma partida contra o Santos, válida pelo Campeonato Brasileiro de 2023, com o objetivo de favorecer apostadores.
O caso ganhou novos desdobramentos com a confirmação de que Bruno Henrique já havia sido alvo direto de uma operação da PF no fim do ano passado. Na ocasião, agentes estiveram na residência do atleta, apreendendo documentos e equipamentos eletrônicos. Embora não tenham sido emitidos mandados de prisão, a presença dos policiais foi significativa e também se estendeu às instalações do Flamengo.
PF vasculhou CT do Flamengo e empresas ligadas a Bruno Henrique
Além da casa do jogador, a sede social do Flamengo, na Gávea, e o Ninho do Urubu, centro de treinamento do clube, foram visitados pelos agentes. No CT, os investigadores foram diretamente ao quarto de Bruno Henrique em busca de provas. A operação incluiu ainda mandados em duas empresas nas quais o atacante figura como sócio: a BH27 Oficial Ltda — nome que faz referência às iniciais e ao número da camisa do jogador — e a DR3 – Consultoria Esportiva Ltda.
O indiciamento atual se apoia em um conjunto de mensagens trocadas via WhatsApp entre Bruno Henrique e seu irmão, Wander Nunes Pinto Júnior. As conversas recuperadas indicam uma possível combinação para que o jogador tomasse um terceiro cartão amarelo de maneira intencional, o que o deixaria suspenso no jogo seguinte. A partida em questão foi realizada no dia 1º de novembro de 2023, e o Flamengo perdeu por 2 a 1 para o Santos.
Durante o confronto, Bruno Henrique recebeu o amarelo aos 50 minutos do segundo tempo por uma falta em Soteldo. Em seguida, foi expulso por reclamação exagerada. Naquele momento, o Flamengo já tinha outro jogador a menos: Gerson também havia sido expulso.
Conversas comprometem Bruno Henrique e familiares são investigados
As mensagens entre Bruno Henrique e seu irmão começaram no fim de agosto, semanas antes da partida. Em tom de brincadeira, os dois falam sobre o terceiro cartão e mencionam diretamente o jogo contra o Santos como o momento ideal para receber a advertência. “Só se eu entrar forte em alguém”, disse o jogador em uma das mensagens.
Na véspera do jogo, os dois voltaram a conversar, e Bruno Henrique retomou o assunto: “Lembra a parada que você me perguntou uns tempos atrás”, escreveu. O irmão respondeu: “Do quê?”, e o atacante preferiu fazer uma ligação em seguida. Depois do jogo, novas mensagens demonstram que o atleta tinha conhecimento dos lucros que o familiar obteve com apostas.
Além de Bruno Henrique e do irmão, a Polícia Federal também indiciou Ludymilla Araújo Lima (cunhada) e Poliana Ester Nunes Cardoso (prima). A operação mira, ainda, outras sete pessoas que teriam algum tipo de participação no esquema.
O STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) solicitou o compartilhamento de todas as provas reunidas pela PF, com o objetivo de avaliar eventuais infrações disciplinares na esfera esportiva. A punição, nesse caso, pode incluir suspensão ou impedimento de atuar em competições oficiais.
Conversas entre Bruno Henrique e irmão sobre cartão em jogo entre Flamengo e Santos
Flamengo evita punições internas e mantém atacante no elenco
Mesmo com o indiciamento, o Flamengo afirmou em nota que não foi oficialmente notificado pelas autoridades. O clube se compromete com as regras do fair play esportivo, mas destaca o respeito à presunção de inocência. “Defendemos o devido processo legal, com ênfase no contraditório e na ampla defesa”, disse a direção rubro-negra.
Até o momento, o clube carioca não informou se Bruno Henrique será relacionado para os próximos compromissos. O time enfrenta o Juventude nesta quarta-feira (16), pelo Brasileirão, e a presença do atacante entre os convocados ainda é incerta.
O jogador ainda não se pronunciou publicamente. A Polícia Federal também não comentou o estágio atual do inquérito, que segue em andamento. A pena para os crimes de estelionato e fraude em competição esportiva pode chegar a seis anos de prisão, segundo o Código Penal.
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