Manter o ambiente do quarto limpo e arejado é fundamental para preservar a saúde respiratória. O que muitos não sabem é que um dos principais vilões das crises alérgicas pode estar bem ao lado, o travesseiro. Mesmo parecendo limpo, ele pode abrigar milhões de micro-organismos invisíveis, como ácaros, fungos e bactérias. O acúmulo desses agentes, ao longo do tempo, favorece o surgimento de rinite, sinusite, asma e dermatites, especialmente em pessoas mais sensíveis.
A alergista e imunologista Carolina Almeida explica que, apesar da aparência inofensiva, o travesseiro é um ambiente perfeito para a proliferação desses microrganismos. “Durante o sono, transpiramos e liberamos células mortas da pele, que se acumulam nas fibras do tecido e servem de alimento para os ácaros. Esse processo é natural, mas, se não houver a troca e higienização adequada, o número desses agentes aumenta significativamente”, detalha.
De acordo com a especialista, a troca do travesseiro deve ocorrer, em média, a cada dois anos. Após esse período, mesmo com a lavagem regular, a estrutura interna tende a se deteriorar e acumular micro-organismos em níveis difíceis de eliminar. “A aparência pode até enganar. Um travesseiro aparentemente limpo pode estar saturado de ácaros. O ideal é observar sinais como deformação, mau cheiro e manchas, eles indicam que está na hora de substituir”, explica a médica.
Durante esses dois anos de uso, é essencial adotar medidas preventivas. Carolina recomenda o uso de capas protetoras antialérgicas, que formam uma barreira contra os ácaros e podem ser lavadas com frequência. “Essas capas devem ser trocadas e lavadas a cada três ou quatro semanas, o que ajuda a prolongar a vida útil do travesseiro e reduz o risco de crises alérgicas”, completa.
Ela também alerta que lavar o travesseiro em casa pode não ser suficiente. O ideal é verificar a etiqueta do fabricante para saber se o material permite lavagem. “Alguns modelos de espuma, por exemplo, acumulam umidade e demoram a secar, o que acaba gerando o efeito contrário, favorecendo fungos. Nesse caso, a limpeza deve ser feita apenas na parte externa, e o uso da capa protetora se torna indispensável.”
Cuidados com as roupas de cama
Além do travesseiro, o cuidado com as roupas de cama é determinante para a prevenção de doenças respiratórias. Lençóis, fronhas e cobertores também acumulam suor, poeira e células mortas, servindo de abrigo para micro-organismos. Segundo a alergista e imunologista, o ideal é trocar lençóis e fronhas pelo menos uma vez por semana.
“No verão, ou em períodos de maior transpiração, a troca deve ser feita duas vezes por semana. O calor e a umidade criam o ambiente perfeito para a proliferação de fungos e bactérias”, explica. Ela reforça ainda que o quarto deve ser ventilado diariamente e as roupas de cama lavadas com água quente, quando possível. “A exposição ao sol também ajuda a eliminar micro-organismos naturalmente.”
O colchão merece atenção especial. A médica orienta a realizar a aspiração com frequência e a virá-lo a cada três meses, evitando o acúmulo de poeira e a formação de mofo. “Um colchão limpo, protegido e bem cuidado é uma barreira importante contra problemas respiratórios”, destaca.
Toalhas: higiene e frequência de troca
As toalhas de banho e de rosto também merecem atenção redobrada. Segundo a especialista, o intervalo ideal de troca é de uma vez por semana, mas pode variar de acordo com o clima. “Nos dias mais quentes, ou quando há maior transpiração, o ideal é trocar as toalhas de banho duas vezes por semana. Elas retêm umidade, o que favorece a multiplicação de fungos e bactérias.”
Já as toalhas de mão e rosto precisam ser substituídas com mais frequência. “Por ficarem úmidas com muito mais regularidade, o tempo entre as trocas deve ser de até dois dias. A umidade frequente transforma o tecido em um ambiente perfeito para a proliferação microbiana”, alerta.
Ela acrescenta que, além da troca, é essencial secar as toalhas em locais ventilados e ensolarados, evitando deixá-las úmidas em banheiros fechados. O uso de amaciantes deve ser moderado, já que o produto pode deixar resíduos nas fibras e reduzir a capacidade de absorção do tecido.
Ambiente limpo, saúde preservada
A especialista reforça que a prevenção é sempre o melhor caminho. Manter o quarto livre de poeira, com cortinas lavadas e superfícies limpas, é uma medida simples que faz diferença no controle das alergias. “O ideal é utilizar aspiradores, que retêm até 99% das partículas de poeira e ácaros, e evitar o uso de vassouras ou espanadores, que apenas espalham as partículas pelo ar”, recomenda.
Ela lembra também que o uso excessivo de aromatizantes e produtos químicos pode irritar as vias respiratórias e agravar sintomas em pessoas alérgicas. “O ar puro, a ventilação natural e a limpeza regular são mais eficazes do que qualquer perfume artificial para manter o ambiente saudável.”
Para quem já sofre com rinite ou asma, o acompanhamento médico é indispensável. “Os cuidados domésticos ajudam muito, mas o tratamento adequado, com medicação e orientação profissional, é o que garante qualidade de vida e controle das crises”, finaliza Carolina Almeida.










